Uma pesquisa da Unicamp, em Campinas (SP), prevê uma progressão rápida de casos e mortes por coronavírus no estado caso o isolamento social não seja ampliado. De acordo com o estudo, os 645 municípios vão atingir 1 milhão de casos da Covid-19 até o final de junho. Na terça-feira (12), São Paulo soma, em todas as cidades, 47.719 registros da doença, segundo o Ministério da Saúde.
O estudo ainda fez a projeção das mortes no Estado de São Paulo. Na capital, o número de óbitos tem dobrado a cada 15 dias. De acordo com o modelo matemático do estudo, o índice na cidade pode chegar a 25 mil no fim de junho, enquanto no estado atingirão 50 mil, com média de 2,5 mil mortes por dia.
Por conta da projeção, o professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp Renato Pedrosa, autor da pesquisa, acredita que o estado vai precisar do lockdown - a versão mais rígida do distanciamento social e que foi adotado em pelo menos 18 cidade do Brasil nesta semana -caso a taxa de isolamento social não seja elevada.
"A situação vai exigir isso. E a hora que a cidade de São Paulo e a Região Metropolitana de São Paulo saturar, isso vai impactar nas outras regiões do estado, como a de Campinas. A situação da capital é dramática. Se os números continuarem assim, o bloqueio é aconselhável. A gente espera que não precise chegar nisso, se o isolamento atingir aproximadamente 60%", disse o especialista.
Como foi feita a pesquisa?
De acordo com o pesquisador, o estudo se baseou em analisar como está se comportando a curva de casos e óbitos no estado e fazer a projeção matemática para os próximos dois meses.
"É importante a gente entender que para cada pessoa internada, 10 pessoas são internadas. E dessas, duas precisam de UTI. Esse uso da hospitalização é que é o problema principal. O estado todo tem 5 mil leitos de UTI, e às vezes a pessoa fica três semanas internadas. Se esses números se confirmarem, os hospitais terão problemas", explicou.
Isolamento social
As 12 cidades da região de Campinas (SP) monitoradas pelo governo do Estado durante a quarentena determinada para evitar a disseminação do novo coronavírus voltaram a registrar diminuição dos índices de isolamento social na segunda-feira (11). Os dados divulgados na tarde de terça (12) mostram que subiu de quatro para sete o total de cidades com indicadores inferiores à média dos municípios paulistas e Sumaré (SP), com 43%, detém o pior resultado.
A média verificada pelo Estado foi de 48%. Entre os municípios que ficaram abaixo deste patamar estão Americana (SP), Campinas (SP), Hortolândia (SP), Mogi Guaçu (SP), Mogi Mirim (SP), Paulínia (SP) e Sumaré (SP). A meta do governo é atingir no mínimo 55% de isolamento no Estado, enquanto que o comitê de combate à Covid-19 considera o patamar de 70% como ideal para achatar a curva de contaminação e evitar o colapso do setor de saúde. A quarentena segue até 31 de maio.