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Covid-19: perda de massa muscular na infecção indica maior risco de covid longa (14 notícias)

Publicado em 07 de dezembro de 2022

Pacientes que perdem massa muscular na fase aguda da covid-19, quando estão hospitalizados, têm alto risco de desenvolver a covid longa. Segundo pesquisadores brasileiros, quanto mais "músculos" a pessoa perde, maior a chance de enfrentar sequelas da infecção.

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Publicado na revista científica Journal of the American Medical Directors Association (Jamda), o estudo que associa a covid longa com a perda muscular na fase aguda da doença foi liderado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).

No estudo, os autores observam que as sequelas mais comuns da covid-19 nessas circunstâncias são:

Fadiga;

Dispneia (sensação de falta de ar);

Tosse crônica;

Anosmia (perda do olfato).

Além disso, os resultados da pesquisa apontam para a existência de uma relação entre maior perda de massa muscular e maiores gastos com saúde nos meses seguintes à alta hospitalar. Cada voluntário foi acompanhado, em média, por seis meses.

Como a pessoa perde massa muscular com a covid-19?

É importante destacar que "a perda de massa muscular é razoavelmente comum durante períodos prolongados de internação hospitalar", explica Hamilton Roschel, pesquisador da Faculdade de Medicina e o líder do estudo, em comunicado.

"No entanto, esse quadro parece ser exacerbado em pacientes hospitalizados por covid-19, afetando a massa, a força e a função muscular a ponto de comprometer a mobilidade do paciente em alguns casos”, detalha Roschel sobre as descobertas da pesquisa sobre a presença da covid longa.

Para chegar a estas conclusões, a equipe da USP analisou 80 pacientes que tiveram formas moderadas ou graves da covid-19, e que foram internados no Hospital das Clínicas, em São Paulo, no ano de 2020. Aqui, cabe observar que nenhum dos voluntários estava vacinado contra a doença e os efeitos da infecção podem ser outros em um cenário onde doses de reforço já são aplicadas .

Como parte do estudo, a equipe de médicos e cientistas mediu a força e a massa muscular dos pacientes em quatro momentos:

Quando ocorreu a entrada hospitalar;

Quando tiveram alta;

Dois meses após a alta hospitalar;

Seis meses após a alta hospitalar.

Efeitos da covid longa

Segundo os autores do estudo, a fadiga (76%) e a dor muscular (66%) foram as duas principais sequelas da covid longa em pacientes que tiveram perda muscular significativa durante o período de internação. Entre os pacientes que tiveram menor comprometimento da musculatura, a prevalência foi, respectivamente, de 46% e 36%. Além disso, diferentes sequelas da doença, como tosse crônica, dor de cabeça e dispneia, foram relatadas de forma desigual.

Inclusive, os autores apontam que, passados seis meses da alta hospitalar, os pacientes que haviam perdido mais massa muscular continuavam a ter dificuldade para recuperar a musculatura prévia. Enquanto isso, os que tiveram pouca perda se recuperaram quase que totalmente no mesmo período.

Fonte: Jamda e Agência Fapesp