O trabalho foi liderado por cientistas Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP e contou com apoio de investigadores do Instituto Adolfo Lutz e da Universidade de Oxford, que participam num projeto chamado Cadde, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, para monitorizar epidemias em tempo real.
Análises preliminares mostram que o vírus identificado no Brasil é diferente por três mutações do referencial observado em Wuhan, na China, primeiro foco da epidemia.
Duas dessas alterações aproximam o vírus que chegou ao Brasil do diagnosticado na região da Bavária, na Alemanha.
Segundo dados divulgados no domingo, o Brasil tem 25 casos confirmados de coronavírus, quatro por transmissão local. Há 664 casos suspeitos e 632 já foram descartados.
Os pesquisadores brasileiros também conseguiram isolar e cultivar em laboratório o novo coronavírus obtido no sequenciamento genético dos primeiros pacientes brasileiros diagnosticados com a doença no Hospital Israelita Albert Einstein.
Segundo informações divulgadas pela agência de notícias da Fapesp, os vírus serão distribuídos para grupos de pesquisa e laboratórios clínicos públicos e privados em todo Brasil com o objetivo de ampliar a capacidade de realização de testes diagnósticos e avançar em estudos sobre como a doença é causada e se propaga.
“A disponibilização de amostras desse vírus cultivados em células permitirá aos laboratórios clínicos terem controlos positivos para validar os testes de diagnóstico, de modo a assegurar que realmente funcionem”, disse Edison Luiz Durigon, professor da USP e coordenador do projeto.
De acordo com o investigador, a falta dessas amostras do vírus para serem usadas como controlos positivos era um dos fatores que limitavam o diagnóstico do novo coronavírus no Brasil.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 3.800 mortos.
Cerca de 110 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 62 mil recuperaram.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 366 mortos e mais de 7.300 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.
Para tentar travar a epidemia, o Governo de Roma colocou cerca de 16 milhões de pessoas em quarentena no Norte do país, afetando cidades como Milão, Veneza ou Parma.
Portugal regista 30 casos confirmados de infeção, segundo o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgado no domingo.