Um grupo de cientistas brasileiros está a conduzir uma pesquisa de uma forma diferente para uma vacina contra o novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, utilizando partículas criadas em laboratório para simular o vírus.
Ao contrário da maioria das investigações conduzidas por cientistas de todo o mundo para encontrar uma vacina eficaz contra o novo coronavírus, cuja doença já provocou mais de 8.200 mortos, os investigadores do laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) não pretendem alcançar a vacina contra o novo coronavírus através do material genético do agente patogénico, mas sim através de partículas artificiais semelhantes o vírus.
“Acreditamos que essa maneira, apesar de ser segura, não induz uma resposta imunológica muito forte e geralmente, quando testamos essa vacina de ARN [ácido ribonucleico, o composto orgânico base deste coronavírus] nos seres humanos, temos uma resposta frágil”, afirmou o diretor do Incor e coordenador do projeto, Jorge Kalil, citado pela agência noticiosa Efe.
Segundo o investigador Gustavo Cabral, um dos responsáveis do projeto também consultados pela Efe, a premissa desta pesquisa passa por “não utilizar o material genético”, devido à pouca informação existente sobre o novo coronavírus, e desenvolver estruturas similares a este.
“Não conhecemos bem o vírus e as informações que temos são insuficientes para projetar uma vacina que use material genético”, referiu Cabral.
A equipa brasileira está assim a recorrer a “partículas como vírus” [‘virus-like particles’, ou VLP], criadas em laboratório através de técnicas de biologia molecular e facilmente reconhecidas pelas células do sistema imunitário.
Segundo Jorge Kalil, a vacina proposta pelo Incor apresenta a “parte externa de um vírus, mas não tem ácidos nucleicos dentro, que é o que permitDivulgare que se multipliquem”.
“Podemos fazer com que na superfície dessas partículas haja pedaços da proteína do coronavírus, para que o sistema imunitário as entenda como vírus, dê uma resposta forte e seja capaz de produzir anticorpos contra essa parte do coronavírus que queremos atacar”, acrescentou o coordenador do projeto.