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Corot descobre planeta além do Sistema Solar (1 notícias)

Publicado em 04 de maio de 2007

Por Fábio de Castro

Projeto francês, que tem participação brasileira, descobre seu primeiro planeta fora do Sistema Solar: um gigante gasoso maior do que Júpiter, explica Eduardo Janot Pacheco, do IAG-USP

O satélite francês Corot foi lançado no fim de dezembro com o objetivo de detectar planetas além do Sistema Solar. Nesta quinta-feira (3/5), o placar foi aberto, com o anúncio da descoberta de um gigante gasoso maior e muito mais quente do que Júpiter.

O projeto, que também deverá ajudar no estudo da estrutura estelar e da evolução das estrelas, tem participação direta de astrônomos brasileiros.

 

Os dados obtidos pelo Corot são integralmente enviados à Estação de Satélites Científicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), localizada em Alcântara (MA).

De acordo com o professor Eduardo Janot Pacheco, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que coordena a participação brasileira no projeto, a expectativa é que o satélite ajude a descobrir, em estimados três anos de vida útil, cerca de mil planetas gigantes do tipo de Júpiter e uma centena de outros com tamanhos semelhantes ao da Terra.

"Os dados, mesmo depois de 60 dias de observação efetiva, são preliminares, mas já mostraram que a precisão e a sensibilidade dos instrumentos são melhores do que o esperado. A qualquer momento divulgaremos a descoberta de novos planetas desse primeiro tipo e daquele que mais nos interessa: planetas rochosos que possam abrigar vida", disse Pacheco à Agência Fapesp.

Segundo o astrofísico, o planeta agora descoberto, batizado como Corot-Exo 1b, é o primeiro resultado prático da missão.

"O satélite continuará vasculhando a mesma região de 10 graus do espaço por mais quatro meses. Em seguida, fará um giro de 180 graus, que se repetirá a cada seis meses", disse.

O novo planeta é um gigante muito quente, próximo de sua estrela central — que é parecida com o Sol. O período orbital é de apenas um dia e meio e o raio foi estimado entre 1,5 e 1,8 vez o de Júpiter.

Precisão inédita

"O Corot está observando cerca de 16 mil estrelas simultaneamente e cada trânsito de planeta diante de estrelas equivale a uma quantidade muito grande de dados a serem examinados. Procuramos esses trânsitos incessantemente e aguardamos com ansiedade encontrar planetas como a Terra", disse Pacheco.

Segundo o pesquisador, o satélite detecta planetas ao registrar variações na intensidade da luz que eles causam quando passam diante de uma estrela. Mas essas variações são ínfimas: uma parte em 50 milhões da intensidade luminosa original.

"Graças a uma precisão inédita, associada à observação das mesmas estrelas por um longo período, o Corot poderá descobrir planetas menores. O que nos impressionou nos resultados obtidos até agora é que praticamente não fizemos correções de perturbações ou de ruídos de medida. Quando elas forem feitas, a precisão de observação deverá dobrar", disse.

De acordo com Pacheco, os dados sismológicos obtidos também foram importantes e indicam que será possível estudar com grande precisão a estrutura interna e a evolução das estrelas.

"Quando detectarmos planetas rochosos, poderemos estudar a luz das estrelas refletida por eles, o que nos dará informações sobre a composição de suas atmosferas", disse.

A contribuição brasileira para o projeto até o momento se deu por meio da utilização da estação de Alcântara, com a participação de cinco engenheiros na elaboração do software embarcado no satélite e com estudos científicos de pré-análise dos alvos do Corot.

"Equipes brasileiras da USP e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) também trabalham atualmente na elaboração de softwares de tratamento temporal de dados", disse Pacheco.

O projeto tem participação da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha e Brasil, cuja inclusão foi definida pela assinatura de um acordo entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França (Cnes).

Mais informações: corot.oamp.fr

(Agência Fapesp, 4/5)