Estudo conclui que o vírus estava se espalhando por São Paulo e Rio de Janeiro ainda em fevereiro
O novo coronavírus se disseminou no Brasil em duas fases epidemiológicas, por mais de cem diferentes linhagens do Sars-CoV-2, de acordo com pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP).
A primeira fase foi por transmissão à curta distância, dentro dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro ainda em fevereiro. Depois, já no início de março, o vírus passou a ser transmitido para longas distâncias, sendo levado para outros estados.
Ao sequenciar 427 genomas do vírus e analisar um conjunto de dados genômicos geograficamente representativos de 21 dos 27 estados brasileiros (incluindo o Distrito Federal), os pesquisadores identificaram 100 introduções internacionais do Sars-CoV-2 no Brasil.
Três delas, vindas da Europa, surgiram entre 22 e 27 de fevereiro, antes da redução das viagens aéreas e das medidas de intervenções não farmacêuticas (NPIs) adotadas pelo Ministério da Saúde em 13/03 e seguidas pelos governos estaduais a partir da segunda quinzena de março.
“Nossos resultados lançam luz sobre o papel de grandes centros populacionais altamente conectados na ignição rápida e no estabelecimento do Sars-CoV-2 e fornecem evidências de que as intervenções atuais permanecem insuficientes para manter a transmissão do vírus sob controle no Brasil”, concluíram os pesquisadores no estudo.
As informações foram publicadas na última sexta-feira (12/06), na plataforma medRxiv, em artigo realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O trabalho ainda precisa passar pela revisão por pares.