Em Manaus, capital do Amazonas, cidade de 2,2 milhões, estima-se que 66,1% da população tenha sido inflamada pelo coronavírus desde o início da pandemia covid-19, segundo estudo coordenado de estrangeiros pelo Instituto Tropical. Medicina em São Paulo (IMTSP) e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Com base no conhecimento da presença de anticorpos contra o vírus em doadores de sangue, os pesquisadores calcularam uma taxa de infecção de 64,8% em junho e 66,1% em julho e agosto. – O mesmo cálculo feito em São Paulo, obtendo uma taxa de 22,4%, o que equivaleria a cerca de 2,5 milhões de pessoas. O estudo publicado como prepress (edição anterior de um artigo clínico, sujeito à verificação) no Medrxiv online. 21 de setembro.
Segundo a professora Ester Sabino, do IMTSP e da FMUSP, que coordenou os estudos, a estimativa pode servir como um indicador da imunidade coletiva da população. “Também conhecida como imunidade coletiva, ocorre quando um grande número de outras pessoas são infectadas, a ponto de reduzir a taxa de transmissão. Isso pode levar a uma minimização no número de casos, pois provavelmente não haveria mais pessoas infectadas”, disse ao Jornal da USP. “No caso do covid-19, que é uma nova doença, esse número foi calculado utilizando-se modelos matemáticos teóricos. Esses estudos produziram uma estimativa de imunidade coletiva com base em dados reais”.
O estudo mediu a evolução da quantidade de anticorpos direcionados ao vírus covid-19 ao longo do tempo em doadores de sangue entre março (início da pandemia) e agosto deste ano, nas cidades de Manaus e São Paulo. “No Brasil, os bancos de sangue são obrigados a suspender doações por seis meses”, diz a professora Ester. Alguns desses doadores foram retirados para que amostras de sangue possam ser usadas em testes. “
Vitor Nascimento, professor da Politécnica da USP (Poli), que ajudou nos cálculos, relata que os efeitos de controle foram utilizados para estimar a taxa de prevalência, ou seja, o percentual de outras pessoas inflamadas em Manaus. “Em junho, após a correção dos cálculos, com a distribuição por idade e sexo de outros doadores de sangue da população em geral, uma taxa estimada de contágio é de 51%”, diz. Os dados correspondem ao mês seguinte ao pico da epidemia de Covid-19 na cidade. o que aconteceu em maio, após uma aceleração no número de ocorrências em março e abril.
No entanto, os pesquisadores notaram que outras pessoas que testaram positivo para a doença começaram a testar negativo por mais tempo. “Isso se deve à quantidade mínima de anticorpos”, diz Ester. “A medição precisa desse número era obrigatória. “, identificar a partir de qual concentração um caso pode ser considerado positivo, calcular a temporalidade da perda de anticorpos e repetir a estimativa ”, acrescenta o professor Nascimento. Assim, a estimativa envolveu mais de 66% da população da comunidade infectada: 1,4 milhão de pessoas a mais.
Após a correção dos cálculos, a taxa de contágio covid-19 foi estimada em 64,8% em junho e 66,1% em julho e agosto. De acordo com a estimativa do IBGE para 2020, o município de Manaus tem uma população de 2. 219. 580 habitantes. “outras pessoas inflamadas em Manaus foram drasticamente reduzidas após junho, o que também pode ter um efeito sobre os resultados. Também foram realizados testes com outro tipo de teste de anticorpos, para comparar os conhecimentos adquiridos”, explica Nascimento. a fórmula foi implementada em São Paulo e, em agosto, foi estimada uma taxa de 22,4%, já ajustada pelo preço da taxa de perda de anticorpos. “O IBGE estima a população do município em 12. 325. 232.
O paciente infeccioso André Siqueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), comenta que a diferença entre os valores estimados para São Paulo e Manaus seria possivelmente semelhante à intensidade de transmissão em cada uma das cidades. “Manaus experimentou um aumento muito imediato e explosivo, somando o número de mortes, e depois houve um declínio, indicando uma mudança na sensibilidade da população, que já não praticava o desprendimento social”, disse. Em São Paulo, houve um tipo de postura mais culposa, ainda mais ativa no componente do poder público, quando a implementação de medidas de transmissão, o que levou a um achatamento da curva que resultou em diminuição da prevalência.
Segundo o epidemiologista Ot-vio Ranzani, pesquisador da FMUSP e do Instituto Mundial de Saúde de Barcelona (ISGlobal), espanha, a taxa máxima estimada de infecção por meio de estudos em Manaus pode ser explicada pela capacidade máxima de transmissão do vírus, a maior densidade populacional. em alguns espaços de Manaus, onde apartamentos com muita população são comuns, e medidas inadequadas de condicionamento público, que não atingiram toda a população. “Então a doença se espalhou muito rapidamente, com as consequências das mortes e as consequências daqueles que sobreviveram, em uma situação que pode ser um desastre”, disse. Embora tenha havido um mínimo no número de infecções desde junho, não se pode dizer com certeza que há imunidade coletiva, pois esse alívio é possivelmente devido a outros fatores, como a tomada de medidas para prevenir o contágio. “
Segundo os autores, mesmo considerando que novas intervenções e ajustes no comportamento populacional podem ter ajudado a restringir a transmissão para Manaus, a taxa de infecção em um ponto tão alto sugere que a chamada imunidade coletiva desempenhou um papel na restrição da progressão da doença. Epidemia.
Mas especialistas também pedem cautela nas conclusões que podem ser alcançadas através dos resultados dos estudos. Para André Siqueira, como os mecanismos de infecção por Covid-19 ainda não são conhecidos, não é imaginável associar os graus de imunidade coletiva ao combate à doença. “As pessoas que não ficaram inflamadas ou que não têm imunidade permanecem sensíveis ao covid-19”, diz ele. “E se essas outras pessoas estiverem nos grupos ameaçados, ou seja, outras pessoas com outras doenças, idosos e crianças, elas possivelmente teriam uma maior ameaça de contaminação e não são geralmente doadoras de sangue, isso terá que ser levado em conta ao analisar os resultados, basicamente porque outras medidas de isolamento em alguns locais podem levar a um edifício. aumento no número de casos e tensão nos serviços de fitness.
Ao comentar a revisão em seu perfil no Twitter, o professor da FMUSP Paulo Lotufo destacou o grande número de pacientes com pandemia na região, um dos mais afetados, proporcionalmente, pela doença. em Manaus afetou os povos indígenas mais pobres e mais altos em cinco vezes maiores do que em São Paulo. “
O pesquisador da Fiocruz Julio Croda também observou que uma imaginável “imunidade coletiva” recebida, portanto, não pode ser concebida como política pública, mas como “o mero local de uma tragédia”.
A epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto de Vacinas Sabin, alertou que mesmo essa imunidade recebida é permanente:
Em relatório apresentado em audiência pública virtual da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) nesta segunda-feira (21/09), a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) divulga que a semana epidemiológica 38 (13 a 19) de setembro, houve alívio de 29,4% nas internações no Amazonas. O estudo também destacou alívio de 63,1% no estado e 1,3% em Manaus no mesmo período.
O balanço mostra que a média móvel dos casos, que mostra a variação dos últimos 14 dias, apresentou variação de -11,4% dentro, entre cinco e 19 de setembro, enquanto no mesmo período 33,2% no capital acumula.
Os óbitos com o novo coronavírus como causa comprovada registraram estabilidade, com variação de 7,5% na Amazônia na semana epidemiológica 38 (13-9/19). Em Manaus a variação é de -8%, enquanto dentro de casa há uma variação de 33,3% (de 15 óbitos na semana 37 para 20 óbitos na semana 38).
Os municípios de Manaus, Parintins e Carauari concentraram 57% das mortes na semana 38.
Segundo o professor Vitor Nascimento, os estudos continuarão com a produção de estimativas de imunidade coletiva em outras seis capitais brasileiras, conforme descrito no artigo sobre imunidade coletiva COVID-19 na Amazônia brasileira, publicado na página online da Medrxiv em 21 de setembro. Os estudos foram realizados com o Epidemiology Donor Study (REDS), uma alocação de estudos financiados pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. EUA, que reúne bancos de sangue combinados de todo o mundo após o número de testes positivos. vírus entre os beneficiários. No Brasil, o REDS é coordenado pela professora Ester Sabino.
Além da FMUSP e Poli, as pinturas em questão através do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade de Harvard (EUA)Imperial College (Reino Unido), Universidade de Oxford (Reino Unido), Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas, Fundação Pró-Sangue – Hemocente Center de São Paulo, Fundação Hemominas – Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais Instituto Aggeu Magalhães, em Recife, Instituto Gonoalo Muniz, em Salvador, Fiocruz, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Instituto de Pesquisa Vitalant (EUA). Os estudos financiados por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do programa Todos pelo Sa’de, realizados por meio do Ita-Unibanco.