Notícia

UOL

Coronavírus: pesquisas para teste pela saliva 100% nacional avançam

Publicado em 05 setembro 2020

O considerado teste padrão-ouro para detecção da novo coronavírus no organismo é o chamado RT-PCR, que usa um swab intranasal —um cotonete longo— para coleta do material, o que é considerado por muitos invasivo e desconfortável. Pesquisas nacionais estão em andamento para o desenvolvimento de um teste totalmente brasileiro pela saliva, com o mesmo padrão do RT-PCR, ele é chamado de RT-LAMP.

O laboratório de genômica brasileiro Mendelics lançou em junho o teste de saliva RT-LAMP #PARECOVID em parceria com o Hospital Sírio-Libanês (SP). No entanto, o exame usa dois reagentes-chave que ainda são importados. Pensando nisso, recentemente, a empresa firmou uma parceria com o CQMED/Unicamp (Centro de Química Medicinal de Inovação Aberta), credenciado à Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) para o aperfeiçoamento do teste.

Nesta parceria, o CQMED irá desenvolver localmente esses reagentes e a Mendelics irá testá-los. A ideia é unir a expertise do CQMED no design e produção de enzimas específicas com a capacidade de produzir em escala e a logística da Mendelics visando ampliar a disponibilidade destes componentes importantes para a autonomia do país na produção de testes de covid-19.

O centro da Unicamp tem expertise na caracterização de proteínas pouco conhecidas relacionadas a doenças humanas, sobretudo câncer, doenças infecciosas e neurológicas. Com a crescente demanda por testes para covid-19, ampliou sua atuação na produção de insumos (proteínas) para atender a força-tarefa Covid-19 da universidade.

No projeto para o aperfeiçoamento dos reagentes, os pesquisadores da Unicamp e da Mendelics irão desenvolver os reagentes. O centro atuará no desenvolvimento de duas enzimas do teste e na execução do controle de qualidade enquanto a Mendelics irá focar nas adequações dos reagentes para aplicação nos testes RT-LAMP já em funcionamento.

Iniciativa da USP

Uma outra iniciativa vem da USP (Universidade de São Paulo), em que pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (EGH-CEL) também estão desenvolvendo um teste de diagnóstico pela saliva.

O teste será similar aos já desenvolvidos no Brasil e em outros países com o objetivo de aumentar a disponibilidade e a rapidez e diminuir os custos para realização de testes moleculares por meio de simplificações dos processos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a Food and Drug Administration (FDA) —agência regulamentadora norte-americana de alimentos e fármacos— já concedeu autorização de uso de emergência para cinco testes de diagnóstico de covid-19 baseados em saliva. A última foi para o chamado SalivaDirect, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Yale.

Conforme já explicado, as enzimas necessárias para a realização do teste são importadas e representam o maior custo para a aplicação do teste. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Química da USP, liderado pelo professor Shaker Chuck Farah, desenvolveu essas enzimas em laboratório.

"Conseguimos ter a produção nacional dessas enzimas, que são os principais insumos do teste. Isso possibilitará diminuir ainda mais os custos", afirma Maria Rita Passos-Bueno, pesquisadora do CEGH-CEL e coordenadora do projeto.

Além da Mendelics e da USP, pesquisadores da UFG (Universidade Federal de Goiás) também estão desenvolvendo um kit de diagnóstico na mesma linha.

Método mais simples

Assim como o RT-PCR, o teste pela saliva não detecta os anticorpos de pessoas já recuperadas de covid-19, mas, sim, o próprio vírus. O protocolo é baseado em uma técnica chamada de "transcriptase reversa com amplificação isotérmica mediada por loop" ou RT-LAMP. Esta técnica já é utilizada para diagnóstico de outras doenças como dengue, chikungunya, hepatite A e zika.

Os testes de saliva mantêm a estabilidade da amostra por até três dias em temperatura ambiente e suprimem a etapa de extração do material genético (RNA) do vírus. O RT-LAMP produz resultados em poucas horas, muito mais rápido que os testes de RT-PCR disponíveis e o custo de RT-LAMP é cinco vezes menor que o RT-PCR, cujo fornecimento de insumos está fortemente limitado em todo o mundo.

Além disso, o RT-LAMP dispensa o uso de aparelhos laboratoriais complexos, como o termociclador em tempo real, utilizado para amplificar e detectar o RNA por meio da exposição do material a diferentes temperaturas.

Padronização do teste

Os pesquisadores pretendem, agora, avançar na etapa de padronização do teste, por meio da utilização de soluções químicas que permitam manter o RNA do vírus estável por um longo tempo, de modo que não sofra a ação de enzimas presentes na saliva.

"A saliva possui uma série de substâncias que podem inibir a ação das enzimas, degradar o próprio material do vírus e interferir na reação de amplificação. Por isso, estamos desenvolvendo tampões que permitam padronizar as condições de manutenção da saliva e do RNA do vírus para realizar o teste de forma a diminuir o risco de resultados falso-negativos", explica Passos-Bueno.

O teste tem apresentado especificidade para detecção do novo coronavírus de 100%, equivalente ao de testes convencionais. Os pesquisadores pretendem, agora, aumentar ainda mais a sensibilidade de modo que seja capaz de detectar o vírus em um número muito baixo de cópias na saliva.

O sistema da USP prevê a autocoleta pelo paciente e permitirá, de forma indolor e não invasiva, o recolhimento da saliva em um tubo de ensaio. Com isso, diminui-se o risco de contágio já que não será mais necessária a atuação de um profissional de saúde paramentado e treinado para a retirada de amostras de nasofaringe, como ocorre no exame de RT-PCR.

A previsão é que o resultado fique disponível entre 30 e 40 minutos. "O resultado pode ser enxergado praticamente a olho nu, porque o tubo contendo a amostra de saliva muda de cor de acordo com a presença ou não do vírus. O resultado negativo aparece na cor rosa e o positivo em amarelo", diz Passos-Bueno.

Um dos objetivos do projeto é oferecer o teste em localidades com pouca infraestrutura para coleta e análise, por meio da inclusão dos laboratórios de referência das universidades para ampliar a capacidade de testagem no país.

Do VivaBem, em São Paulo*

*Com informações da Fapesp - Pesquisa para Inovação.

Essa notícia também repercutiu nos veículos:
Folha de Pernambuco online Galileu online Jovem Pan O Povo Biblioteca Benedicto Monteiro NewsLab online Portal da Enfermagem Jornal Integração Correio do Estado da Bahia (Blog) Programa InfoSalud (Argentina) Ciclo Vivo CREMEPE - Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco Jornal da Ciência online LabNetwork Investe São Paulo SolidáRio Notícias Câmara Municipal de São Paulo Bomba Bomba Região Noroeste Biblioteca FMUSP Revista Amazônia ABIPTI - Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação Z1 Portal de Notícias Portal do Governo do Estado de São Paulo Pfarma TáNaMídia Naviraí Portal R3 Noticias Noroeste online Cidade Azul Notícias Acontece Botucatu Revista Fórum online Liberdades Polinotícias Saber Atualizado RP10 Cruzeiro do Sul online Atemporal UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas Planet Earth Water Air Green Brazil Folha de Valinhos online Brasil123 Portal do Governo do Estado de São Paulo Comando Notícia MT HOJE Notícias de Campinas Beto Ribeiro Repórter Jornal Folha da Terra (Itupeva, SP) online Jornal Primeira Página online Juruá Online Ceedec - Centro de Educação Especializado Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Poder360 Blog do BG Poliarquia Repórter GM-7 * Gilmar Marques São Miguel para Todos Blog de Daltro Emerenciano Blog do Valdemar Tibá MG Comunicação Empresarial ExNEPe - Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia World Diagnostics News (Argentina) BurgosNoticias (Espanha)