Pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor), ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), trabalham para desenvolver uma vacina contra o coronavírus.
Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e coordenador do projeto, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), afirma que embora o orçamento seja apertado — cerca de US$ 50 mil para começar os trabalhos — acredita que a proposta brasileira pode ser bem sucedida para obter uma resposta imunológica contra a doença.
Segundo Kalil, o custo de uma vacina até chegar a população, pode chegar a US$ 1 bilhão. No entanto, o professor explica que, à medida que os estudos avancem, a tendência é que os setores público e privado aportem mais recursos. A pesquisa, porém, não é de curto prazo. A estimativa é que os resultados possam ser alcançados num horizonte de um ano e meio.
- Não estamos prometendo nada. Mas estamos fazendo uma pesquisa que pode contribuir com esse esforço mundial contra o coronavírus. Acreditamos que a nossa proposta é boa e muito promissora e que pode levar a uma resposta imunológica melhor do que a de outras propostas que têm surgido - afirma Kalil.
Pesquisador responsável pelo projeto, Gustavo Cabral, afirma que espera conseguir chegar, nos próximos meses, a uma vacina que possa ser testada em animais. Cabral fez pós-doutorado nas universidades de Oxford, na Inglaterra, e de Berna, na Suíça, onde desenvolveu candidatas a vacinas para combater doenças como o vírus Zika.
O método utilizado e estudado pelo pesquisador do Incor tem como base o uso de partículas semelhantes a vírus, conhecido como VLP, cuja sigla em inglês é virus like particles. Ao retornar ao país em fevereiro, ele passou a desenvolver vacinas contra Streptococcus pyogenes – causador da febre reumática e da cardiopatia reumática crônica – e chikungunya. No entanto, em meio à pandemia do Covid-19, o projeto foi redirecionado para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus.
Segundo o pesquisador, o método do VLP pode ser adaptado para outros vírus e deve ajudar a desenvolver vacina não só contra a Covid-19, mas também para outras doenças emergentes.
— A plataforma do VLP é uma estrutura muito semelhante ao vírus. Por conter essas características, ela vai ser reconhecida pelo sistema imunológica. Nós inserimos nele fragmentos do vírus, mas em estrutura proteíca e não genéticas. Esses fragmentos são reconhecidos pelo sistema imunológico e devem gerar resposta imunológica - afirma Cabral.