Pesquisa destaca que o deslocamento entre cidades do interior de São Paulo pode acelerar a contaminação durante a pandemia
Com 3.612 casos confirmados no município de São Paulo e 1.068 no Rio de Janeiro, de acordo com as secretarias de saúde, as capitais Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Recife são as próximas cidades com maior risco de sofrerem com um surto de infecção pelo de coronavírus no país. A informação é do estudo elaborado por pesquisadores da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
O estudo, publicado na revista da Agênca Fapesp, destaca as cidades com maior probabilidade de desenvolver surto do vírus, caso medidas de isolamento e distanciamento social não sejam implementadas ou não venham a funcionar.
O estudo também leva em consideração a chamada mobilidade pendular, o trânsito diário de pessoas entre o município que estudam ou trabalham e aquele que residem, fenômeno que acontece nas maiores cidades do interior.
Coordenado pelo físico Marcelo Ferreira da Costa Gomes, especialista em modelos de propagação de doenças da Fiocruz, a equipe de pesquisadores analisou o fluxo aéreo de pessoas que partem do Rio de Janeiro e de São Paulo para outras capitais e municípios de grande porte do país.
Outro destaque da pesquisa é que a capital paulista tem potencial de contribuir mais para a disseminação do vírus pelo país do que o Rio de Janeiro. Isso porque São Paulo gera um fluxo elevado de pessoas mesmo para as regiões distantes.
Além disso, as capitais e regiões sob risco de surto tem capacidade intermediária de atendimento hospitalar. A oferta média de leitos hospitalares no país é de 22 para cada 10 mil habitantes, segundo dados do Departamento do Sistema Único de Saúde (DataSUS). Já nos países mais ricos do mundo esse número sobre para 47 por 10 mil.
Segundo Marcelo Ferreira, essa baixa disponibilidade de leitos de UTI no país é preocupante, uma vez que as capitais com maior probabilidade de contágio a partir de São Paulo podem não estar preparadas para lidar com a epidemia quanto à infraestrutura hospitalar.
Os pesquisadores também estudam uma segunda onda de disseminação do vírus. O objetivo é avaliar o impacto das medidas de redução de mobilidade sobre a progressão da epidemia. Nesta segunda-feira (06/04) o Governador do Estado de São Paulo, João Doria, prorrogou a quarentena no estado, iniciada no dia 24 de março, até o dia 22 de abril. A medida inclui o fechamento de bares, restaurantes, casas noturnas e shopping centers.