A vacina CoronaVac, do grupo chinês Sinovac, a principal arma do governo de São Paulo contra a covid-19, pode neutralizar as variantes P.1 e P.2 do vírus, responsáveis pela nova onda da doença em todo país, de acordo com informações da Fapesp.
O estudo foi realizado Instituto Butantan, em parceria com a USP, em um laboratório de biossegurança de nível 3. Os pesquisadores adicionaram os vírus das novas variantes a uma cultura celular que continha o soro de uma pessoa imunizada. De acordo com o diretor médico de Pesquisa Clínica do Butantan, Ricardo Palacios, os anticorpos presentes no soro neutralizaram a ação da variante P.1
O estudo realizado consegue averiguar apenas a resposta imune conferida pelos anticorpos e ainda precisa ser investigada mais a fundo. “Sabemos que a resposta imune induzida pela vacina é muito mais ampla. Então é possível que a resposta na vida real seja ainda melhor que no laboratório. É algo que precisa ser verificado com mais testes, como o que estamos realizando na cidade paulista de Serrana”, afirma Palacios.
“A questão das variantes preocupa a todos nós. Precisamos de muita atenção e avaliar se as vacinas produzem anticorpos contra elas. Já sabíamos que a CoronaVac tinha eficácia comprovada contra as variantes do Reino Unido (B.1.1.7) e da África do Sul (B.1.351) e agora sabemos que a vacina é eficiente também contra as variantes P.1. e P.2.”, diz Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan.
As novas variantes têm preocupado cientistas de todo mundo por apresentarem características infecto-contagiosas muito diferentes. A B.1.17, conhecida com variante do Reino Unido, tem uma taxa de transmissão de 30% a 50% maior e uma gravidade dos infectados 30% superior que as demais. A variante da África do Sul apresenta um aumento da carga viral nos infectados e também maior taxa de transmissão.
Já variante P.1 foi descoberta em viajantes japoneses que retornavam de Manaus e já está disseminada em todo país. É uma mutação mais transmissível do vírus e principal responsável pela segunda onda de internações em todo o Brasil. A P.2, registrada inicialmente no Rio de Janeiro, não está entre as variantes de maior risco.
Em fevereiro, o Instituto Butantan iniciou um estudo no município paulista de Serrana para avaliar o impacto da vacinação no combate à pandemia e iniciou a imunização de toda a população maior de 18 anos.
Eles querem medir a alteração na transmissão do vírus, na redução da sobrecarga no sistema de saúde e também a eficácia sobre as novas variantes do SARS-CoV-2, que também se tornaram predominantes na região entre janeiro e fevereiro.
COLÔMBIA
o Instituto Butantan também está acompanhado de perto a campanha de vacinação da Colômbia, que também está utilizando a vacina CoronaVac e priorizou, em seu plano de vacinação, a região que faz fronteira com o Brasil, onde surgiu a variante P.1, de Manaus, em busca de indicadores de que a vacina foi eficaz no tratamento da variante brasileira naquela região.