CBN São Paulo - 28/06/2025
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a gente segue aqui no CBN São Paulo agora para trazer uma boa notícia veja só um estudo publicado na revista Marine
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Environ Environmental Research meu inglês tá meio enferrujado mas é por aí
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é um estudo que foi publicado nessa revista científica por pesquisadores apoiados pela pela FAPESP e pela UNIFESP
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Instituto do Maral São Paulo mostram que a população de uma
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unidade ou melhor de uma única espécie de coral da ilha principal ali do refúgio de vida
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silvestre ali do arquipélago de Alcatrases no litoral sul de São Paulo essa única espécie retém cerca de 20
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toneladas de carbono por ano é como se e o montante pra gente ter uma ideia é
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equivalente ao emitido pela queima de 324.000
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L de gasolina essa única espécie de coral retém cerca
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de 20 toneladas de carbono por ano por que que isso é importante a gente vai
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entender esse estudo o resultado desses estudos conversando agora com o
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Guilherme Henrique Pereira Filho ele que é coordenador do laboratório de Ecologia e Conservação Marinha do IMAR da UNIFESP
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tudo bem Guilherme bem-vindo obrigada bom dia para você bom dia Marcela e todos os ouvintes
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obrigado pelo convite e a oportunidade de falar sobre esse tema aqui com vocês isso obrigado não é um tema que chama
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muita atenção porque eu queria que você trouxesse pro nosso ouvinte a dimensão
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do que é essa descoberta né essa espécie de coral tem um nome até curioso né
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coral cérebro coral cérebro porque a estrutura do esqueleto dele né os corais
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produzem carbonato de cálcio né e que é o que a gente chama desse esqueleto e essa estrutura ela é semelhante a um
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cérebro humano então quando você mergulha olha parece um cérebro por isso leva esse nome né e é um coral endêmico
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ele só existe no Brasil né então é uma espécie muito nossa assim importante e o
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que que significa esse coral cérebro reter cerca de 20 toneladas de carbono
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por ano é isso significa um papel muito importante para uma unidade de
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conservação né a gente quando pensa numa unidade de conservação marinha a gente
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tá pensando sempre no no serviço que ela presta na exclusão de pesca e e contribuindo para exportar né esse
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serviço à pesca peixes para outras áreas né mas agora não a gente tá vendo um outro um outro serviço né fixando
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carbono algo que não tá é um é um é algo muito importante paraa nossa sociedade
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que a gente ainda não não olha as unidades de conservação com essa com esse papel né então a gente traz uma uma
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nova visão sobre a importância de uma unidade de conservação marinha né acho que esse é o é o ponto alto dessa desse
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resultado que a gente traz né e como surgiu essa iniciativa de se estudar
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mais sobre o coral cérebro por que surgiu essa curiosidade de ir atrás e
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entender o de que forma funciona o crescimento como ele se adapta ao ambiente como
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surgiu essa iniciativa a gente a gente trabalha ali entendendo o papel da unidade de conservação desde 2015 no
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laboratório a gente faz o monitoramento dessa área não só do coral mas de todos os organismos do fundo que a gente chama
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de pentônico e também os peixes né então a gente tem eh visto vários resultados
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sobre o o papel da proteção ali no local e da importância dessa dessa unidade de
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conservação eh o o coral foi mais um olhar porque a gente tá sempre eh preocupado são
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organismos sensíveis que quando vem essas ondas de calor eles branqueiam então a gente tá sempre eh antenado ao
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ao que tá acontecendo com eles eh porque eles também constróem uma estrutura esse
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esqueleto serve também de abrigo para invertebrados e outros peixes então eles são o que a gente chama de engenheiros e
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então a gente sempre por estarem construindo os ecossistemas então a gente tá sempre olhando pros corais eh
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durante esses esses programas de de monitoramento né então entender o
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crescimento era na verdade a pergunta que a gente tinha eh o crescimento desses corais é constante ao longo do
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dos anos como que é então a gente fez uma tomografia e sabe igual aquela ideia
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dos dos anéis de crescimento em árvores que vão deixando marcas que a gente consegue ter em museus os corais quando
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eles vão crescendo esse esqueleto de carbonato de cálcio eles também deixam essas marcas então com essas imagens na
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tomografia que a gente conseguiu ver a gente consegue ver o quanto ele cresceu a cada ano então a gente recupera o
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passado dos últimos 10 às vezes 15 depende do indivíduo que a gente tem e e
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ver quanto que ele cresceu por ano a gente consegue ver ainda quanto cresceu no inverno e no verão de cada de cada
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ano então a gente tava eh lançando um olhar sobre isso sobre o crescimento a saúde dos corais e a contribuição dele
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pro sistema como esse esqueleto é de carbonato de cálcio ao fazer essa medida do quanto cresceu a gente conseguiu
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fazer essa estimativa do carbonato de cálcio que ele tá produzindo ali e aí o
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que é legal que no carbonato de cálcio tem o carbono e aí a gente entra nesse serviço que é a retirada de indireta de
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gás carbônico da nossa atmosfera que é um tema super importante pra nossa sociedade ah atual né então é ainda mais
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desculpa te interromper né mas ainda mais agora que a gente fala tanto sobre essas mudanças climáticas sobre os
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efeitos do gás o o do gás do efeito estufa né os gases do efeito estufa
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então é uma descoberta muito importante né muito importante e abre uma uma outra
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uma um outro olhar assim né para pra gente como sociedade ver o valor dessas
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unidades né então a gente fala em iniciativas empresas buscam eh neutralizar a emissão de carbono às
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vezes não é possível impedir a a a emissão né dependendo da atividade mas
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neutraliza como incentivando outras eh outros projetos ou plantil de árbit reflorestamento e outras ideias né agora
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a gente abre a perspectiva de que essas unidades estão prestando esse serviço então a gente pode olhar para elas
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também como um um local onde a sociedade pode apoiar aportar para para
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neutralizar o carbono das suas atividades né então acho que esse é esse é o a a
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grande a grande mensagem que esse trabalho acaba trazendo né com certeza é
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muito interessante até por isso nos chamou atenção para poder explicar pros nossos ouvintes aqui hoje no CBN São
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Paulo agora a partir desses trabalhos desses estudos que estão sendo publicados quais são os próximos passos
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ainda existe mais análises que precisam ser feitas com relação a esse tipo de coral específico ah sim existe muito
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isso é esse é um é um é um pequeno passo né que a gente tá vendo de uma única espécie mas o sistema ele é muito maior
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com várias espécies e aí a gente tem uma curiosidade que é o carbono num sistema ele é sempre o resultado do balanço
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entre dois processos a respiração então nós quando respiramos a gente emite gás
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carbônico e esse esse gás carbônico que a gente tá emitindo na nossa respiração vem de açúcares né que a gente né a
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gente come e então respira e emite eh mas e esse açúcar veio da onde veio da
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fotossíntese de alguma forma foi incorporado então um sistema ele é é ele tem dois dois processos ocorrendo e que
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envolvem o carbono a respiração e a fotossíntese né os corais eles são
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organismos que fazem os dois e aí a gente entendeu o quanto que tá fixado de
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carbono no carbonato de cálcio mas o quanto os corais respiram ou estão emitindo também gás carbônio a gente
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ainda precisa medir então a gente precisa entender dos corais e do e do
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sistema como um todo quanto tem de fotossíntese e quanto tem de respiração do sistema qual é a grande diferença do
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carbonato de cálcio porque ele é uma forma mineral quando a gente emite queimando eh combustível fóssil eh a
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gente tá queimando uma forma mineral que mantém que que tem reteve o carbono ali
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por mais de 40 milhões de anos e tá jogando esse carbono na atmosfera o que
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os corais algas e outros organismos marinhos fazem quando produzem carbonato cálcio tira o carbono e coloca numa
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forma mineral esse é o processo exatamente inverso da queima de combustível fóssil então esse é o é o
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grande barato então entender que esse carbono tá preso numa forma mineral já é
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de uma importância muito grande ainda que a gente não tenha totalmente o balanço entre fotossíntese e respiração
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por quê porque esse carbono quando ele vai pro carbonato de cálcio ele tá numa forma mineral e essa forma mineral o
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carbono tá aprisionado por centenas e talvez milhares de anos ali
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que loucura né professora interessante demais a gente tratar sobre esses assuntos e ver como a natureza traz às
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vezes soluções que a gente nem imagina né só para situar nosso ouvinte esse refúgio de Alcatrases ali no arquipélago
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de Alcatrases ele fica é é uma região próxima ali à ilhaba a Bertioga fica ali
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nessa parte do litoral né isso aproximadamente 20 km mar dentro a para
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fora da da Ilha Bela né isso mesmo e é um dos lugares mais incríveis né tem uma
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eh população de espécies inclusive algumas que sofrem ameaças de serem extintas enorme né é e não é a única né
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a gente tem no estado de São Paulo a Alcatras é um refúgio da vida silvestre é uma unidade de conservação federal mas
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a gente tem no estado de São Paulo áreas muitas áreas marinhas protegidas talvez seja o estado com com a iniciativa mais
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ousada de de conservação marinha que a gente tem no país e a gente pode citar a
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Lajem de Santos que é um parque estadual marinho a Ilha da Queimada Grande são bem parecidas com com Alcatras que fica
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dentro de uma APA APA Marinha litoral Centro então a gente tem muitas áreas
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incríveis em São Paulo que também tm esse coral e também tão passando pelos mesmos processos e e provendo esse mesmo
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serviço super importante de manter o equilíbrio do nosso planeta né sensacional agradeço muito viu a
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participação do senhor aqui conosco hoje no CBN São Paulo Guilherme Henrique Pereira Filho que é coordenador do
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laboratório de Ecologia e Conservação Marinha do Instituto do Marfesp
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explicando pra gente a respeito de dessa descoberta valeu obrigada muito obrigado Marcelo um prazer poder estar aqui com
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vocês um bom dia um bom sábado a todos para você também 10:55