Representantes dos municípios de Itu, Ourinhos e Santa Isabel, no interior paulista, assinaram manifestação de interesse em participar do Programa Cidades do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). A assinatura ocorreu no evento Parcerias para a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, realizado no dia 14 de maio na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, em São Paulo.
O Pacto Global é uma iniciativa criada pelo ex-secretário geral da ONU Kofi Annan com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial e demais stakeholderspara adotar, em suas práticas de negócios, valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
A Rede Brasil do Pacto Global completa 15 anos em 2018 e tem 751 empresas signatárias. Na abertura do encontro, a professora Patrícia Iglecias, superintendente de Gestão Ambiental da USP e diretora do escritório regional do Programa Cidades, salientou que, para avançar nos temas da Agenda 2030 e nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) - fixados pela ONU em 2015 - , é preciso envolver os setores público e privado e também a academia.
Maurício Brusadin, secretário de Meio Ambiente do estado de São Paulo, apontou que "não é possível imaginar uma agenda de ODS no Brasil sem levar em consideração a diminuição das desigualdades sociais': Carlo Pereira, secretário- executivo da Rede Brasil, salientou que as metas estabelecidas são ambiciosas e, para serem cumpridas, será preciso dar ênfase ao ODS 17, que aborda a importância de fortalecer os meios de implementação e formar parcerias entre todos os setores da sociedade. Um dos convidados da mesa era José Goldemberg, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e ministro do Meio Ambiente na época da realização da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992. Goldemberg lembrou que a Rio-92 lançou os fundamentos do que viria a se chamar desenvolvimento sustentável.
"Quase trinta anos depois, o processo de implementação daqueles ideais passou por vários estágios; alguns melhores, outros piores, mas finalmente a adoção dos 17 ODS é a coroação desse esforço que começou na conferência de Estocolmo em 1972, foi reforçado pela de 1992 e agora está em execução por meio de vários mecanismos'; disse.
Diversidade
O palestrante principal do evento foi Michael Nolan, diretor do Programa Cidades do Pacto Global. Nolan apresentou vários exemplos de projetos criados no âmbito do programa em muitas cidades de diferentes países que mostram que o envolvimento do setor privado, dos governos locais e da sociedade civil produz resultados de impacto.
O embrião da iniciativa surgiu em Melbourne (Austrália), a partir da reunião de representantes de diversos setores que procuravam soluções para a redução da pobreza e do número de moradores de rua da cidade. "Quando entraram na sala pela primeira vez, aquelas pessoas não queriam conversar umas com as outras. De fato elas se detestavam, porque haviam tido experiências ruins anteriormente'~ contou. "Criar confiança e colaboração para atuar em questões críticas, mesmo sem que uns gostem dos outros, faz com que seja possível ter impacto nessas questões': A diversidade dos projetos é tão grande quanto a diversidade das cidades e de suas demandas, apontou Nolan.
No Brasil, um dos projetos é o Angra Doce, que envolve 15 municípios dos estados de São Paulo e Paraná, na região de abrangência da Usina Hidrelétrica de Chavantes ( SP), e busca criar uma área especial de interesse turístico com foco na conservação ambiental. Outro exemplo são as iniciativas de inclusão social e reassentamento de famílias em favelas em Porto Alegre. Otimismo Os projetos são definidos localmente a partir de questões críticas identificadas pelas prefeituras. Para o diretor do Programa Cidades, "a capacidade de o setor privado colaborar com governos e com a sociedade civil para criar projetos que não podem ser concretizados sem a ação conjunta desses diferentes setores é uma coisa poderosa, mas complexa e difícil de fazer, e por isso não acontece sempre': Entre os problemas apontados para a continuidade das iniciativas está o fato de que uma nova gestão municipal pode não dar sequência ao trabalho da anterior.
"As cidades que levam isso a sério produzem não um, mas vários projetos de impacto'~ diz. Ao mesmo tempo, continua, "o envolvimento do setor privado tem sido massivo': "O Programa Cidades é a maior iniciativa de responsabilidade social corporativa do planetá~ define. À AméricaEconomia, Michael Nolan afirmou que "os projetos continuam a ter impacto por muitos anos" e que "as pessoas envolvidas aprendem novas formas de dialogar e de lidar com diferentes setores, o que é muito importante". Nolan se define como um otimista em relação ao futuro.
"Os desafios são grandes, mas as pessoas também são. Não são os negócios: são as pessoas nos negócios que provocam impacto': O encontro teve ainda a participação de Manuela Prado Leitão, que apresentou o projeto Observatório do Futuro, do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, e de David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, que falou sobre o Legado das Águas - reserva privada de 31 mil hectares de Mata Atlântica no Sul do estado de São Paulo. O Global Council of Sales Marketing ( GCSM), presidido por Agostinho Turbian, publisher de AméricaEconomia, foi um dos organizadores da programação, que teve oferecimento institucional da Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp).