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Cooperação científica traz avanços para tratar leucemia (1 notícias)

Publicado em 23 de janeiro de 2013

Por Bete Cervi

O Consórcio Internacional da leucemia promielocítica aguda (LPA) conseguiu reduzir em quase 50% a mortalidade precoce em pacientes com a doença em países em desenvolvimento, em comparação com as nações desenvolvidas. O estudo é coordenado no Brasil pelo médico hematologista Eduardo Rego, do Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto (CTC-HRP), ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP.

A LPA, doença-alvo da pesquisa, apresenta elevado índice de mortalidade precoce, mas tem bom prognóstico se detectada e tratada em fase inicial. Rego explica que o estudo também obteve uma melhoria operacional nos controles de casos, resultando em sobrevida e sobrevida livre da doença semelhante aos relatados em países desenvolvidos.

Outras seis instituições brasileiras de referência participam do Consórcio: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, Fundação Hemope (Pernambuco); Universidades Federais de São Paulo (Unifesp), do Paraná (UFPR), Minas Gerais (UFMG) e Rio Grande do Sul (UFRGS). Completam a lista México, Chile e Uruguai, além de instituições dos EUA e da Europa.

No período de junho de 2006 a setembro de 2010, foram acompanhados um total de 183 pacientes, sendo 122 do Brasil, 30 do México, 23 do Chile e oito do Uruguai. Em novembro de 2011, o prontuário foi atualizado. Destes, 153 (85%) atingiram remissão completa; 27 (15%) morreram até o 30º dia de tratamento (precoce), entre o diagnóstico e a primeira avaliação morfológica da medula óssea; sendo 9 casos com óbito na primeira semana.

"Uma das características dessa doença é a elevada mortalidade nos primeiros dias após o diagnóstico. Pesquisa realizada em 10 centros brasileiros, antes da criação do consórcio, notou que a mortalidade girava acima de 30%. Com experiência e estratégia adotadas pelo Consórcio, a taxa caiu pela metade. Verificamos ser possível chegar a uma taxa de sobrevida de 80%", afirma Rego.

Outro aspecto apontado pelos pesquisadores no resultado é o fato de a maioria das mortes durante a indução serem causadas por hemorragia, portanto é a coagulopatia associada à LPA que deve ser apontada como efeito tardio em programas de educação médica, pois pode ser combatida com a administração precoce do ácido all-trans-retinóico (ATRA) e quimioterapia, que utiliza uma classe de drogas denominada "antracíclicos".

"A partir deste método, conseguimos mostrar que o melhor momento para avaliarmos a resposta ao tratamento é após a segunda fase da quimioterapia. Os resultados positivos após a fase de indução não previam a recaída do paciente, ao passo que resultados positivos após a fase de consolidação mostravam isso.

Além disso, demonstramos, em alguns casos a possibilidade de detectar alteração molecular antes da recaída clínica. Com isso, implantamos o tratamento antes de o paciente ter uma franca recaída da doença", expõe Rego.

O estudo "Improving acute promyelocytic leukemia (APL) out come in developing countries through networking, results of the International Consortium on APL" foi publicado nesta semana na revista Blood, periódico científico de referência mundial na especialidade da Sociedade Americana de Hematologia (ASH, na sigla em inglês).

Segundo Rego, membro da diretoria da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, o Consórcio foi criado para trocar experiências e dados e receber apoio de grupos da Europa e Estados Unidos.

No Brasil, o financiamento foi provido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

DCI