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Jornal do Commercio (RJ)

Convênio cria em SP pólo tecnológico de aeronáutica

Publicado em 31 agosto 2006

O governador Cláudio Lembo (PFL) assinou ontem o convênio para a instalação do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Aeronáutica, em São José dos Campos, em parceria com a Embraer, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a prefeitura local.
"Estamos rompendo um ciclo histórico milenar, rompendo com a idéia de universidade fechada atrás de muros. Aqui estamos integrando a universidade, a empresa e, portanto, a sociedade. Estamos construindo um mundo novo", afirmou Lembo, na cerimônia de assinatura do convênio.
O governador ressaltou ainda que uma universidade que não se abre à comunidade corre o risco de se tornar obsoleta. "A universidade não deve fazer pesquisas unicamente para si mesma", disse.
Pelo projeto, o Centro de Desenvolvimento será a principal plataforma do Parque Tecnológico de São José dos Campos e contará com laboratórios públicos de integração de sistemas, software embarcado e de estruturas leves, com máquinas e equipamentos para ensaios e será ainda um espaço para o desenvolvimento da cadeia produtiva aeroespacial, beneficiando micro, pequenas e médias empresas, gerando renda e postos de trabalho para São José dos Campos.

Projeto prevê instalação de mais quatro parques
O projeto também prevê a instalação de outros quatro parques tecnológicos no Estado, pelo programa Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, ação conjunta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (FAPESP) e Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico.
A proposta é que os parques tecnológicos sejam grandes empreendimentos imobiliários, com gestão privada, auto-sustentáveis e que têm em seu núcleo entidades pública, científica e tecnológica. "A idéia é que sejam construídos condomínios de casas dentro dos parques tecnológicos, para que as pessoas possam morar perto do trabalho com conforto e segurança", disse João Steiner, diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).
Para isso, uma das condições para a empresa se instalar dentro de um parque tecnológico é que não produza qualquer poluente. Outro ponto é que quem se instala lá deve ter produtos de alto valor agregado.
Além do ITA e da USP, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) devem participar diretamente do projeto, com parques tecnológicos instalados ao lado de seus campis.
A expectativa é que o Parque Tecnológico de Campinas, no interior paulista, seja instalado até o final do ano, entre o campus da Unicamp e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puccamp).
"Já existem nove empresas que estão instaladas lá, a idéia é que a especialização desse pólo seja em biotecnologia, nanotecnologia, tecnologia de alimentos e da informação", disse Steiner. A Natura é uma das empresas que montou um centro de pesquisas no local.
O plano inclui ainda a construção de um pólo de tecnologia medicinal em Ribeirão Preto, aproveitando a especialização da unidade da USP existente na cidade do interior paulista. Em São Carlos, onde fica a Ufscar e dois escritórios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a vocação deve ser para óptica e novos materiais. "Foram selecionadas algumas das regiões mais importantes do país em termos de pesquisa científica", afirmou Steiner.
O pólo tecnológico da capital paulista deve ficar na região do Jaguaré ou do Ceasa, como é conhecida popularmente a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), ambos próximos à Cidade Universitária, principal unidade da USP.
"São dois bairros industriais que estão degradados e com produção de baixo valor agregado, próximos a um centro de excelência como a Cidade Universitária".
O projeto de pólos tecnológicos foi apresentado pelo professor a um grupo de empresários chineses na terça-feira, na BM&F. A proposta foi um dos argumentos para convencer os estrangeiros a investir em infra-estrutura no País. Steiner destacou que os pólos tecnológicos são uma tendência mundial. "Existem 64 na China, 65 nos Estados Unidos e 27 em Israel, por exemplo", citou.