Ex-diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o físico José Fernando Perez, 67 anos, ganhou notoriedade Internacional quando esteve à frente do grupo brasileiro que participou do Projeto Genoma Humano, entre 1997 e 2003.
Agora, volta a inovar, desta vez como dono da Recepta Biopharrna, uma empresa de biotecnologia paulista especializada em testes clínicos de Anticorpos Monoclonais (mAbs), usados no tratamento do câncer. Segundo Perez, fundar a Recepta foi uma grande aventura. A proposta surgiu há seis anos, por iniciatíva do Instituto Ludwig, organização privada de apoio científico com sede em Nova York.”Topei porque temos o principal insumo, ou seja, gente competente. ”O investimento inicial, de R$ 400 mil, veio de dois parceiros privados (a Ouro Preto Participações e a EAO Empreendimentos) e do ludwig, que também cedeu as patentes dos anticorpos que seriam analisados.
O principal objeto de estudo da Recepta Biopharrna é o anticorpo monoclonal RebmAb 100, que vem sendo testado no tratamento contra o câncer de ovário. Entre 2008 e 2011, os pesquisadores da empresa analisaram a eficácia do Rebm Ab 100 em 26 pacientes que não haviam respondido á quimioterapia. “Constatamos que o efeito é comparável ao tratamento convencional, mas com uma qualidade de vida excelente”, diz Perez. Em março de 2012, o anticorpo recebeu a designação de “droga órfã” pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão americano responsável pela aprovação de medicamentos e alimentos, Tal status é concedido a drogas com potencial eficácia no tratamento de doenças de baixa incidência. “Na prática, isso significa que o processo de aprovação será mais ágil”, diz Perez. A etapa atual, que começa em agosto, vai envolver 80 pacientes, metade deles sob efeito da droga e os restantes submetidos à quimio. Ainda há muito trabalho pela frente – Perez prevê que serão necessários mais dois anos de testes antes que a Recepta esteja apta a negociar a patente do RebmAb 100 com um laboratório farmacêutico.