A guaçatonga, uma planta brasileira de dois a seis metros de altura, bastante comum no Brasil e na América Latina e utilizada por índios como antídoto para picadas de cobra, pode ser a mais nova arma contra úlceras gastroduodenais, causadas por estresse ou maus hábitos alimentares, que atingem milhares de pessoas no Brasil e se caracterizam por lesões na mucosa gástrica ou no duodeno, podendo atingir todo o sistema gastrointestinal.
Pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da UNESP, compus de Araraquara, como André Gonzaga dos Santos, Aristeu Gomes Tininise Vanderlan da Silva Bolzani, e do Instituto de Ciências Biomédicas da USP obtiveram sucesso na cicatrização de úlceras gástricas induzidas em animais de laboratório, utilizando substâncias obtidas de um extrato de folhas secas da Casearia sylvestris, nome científico da guaçatonga. Eles identificaram, isolaram e avaliaram princípios ativos relacionados com a atividade antiúlcera.
De acordo com um dos integrantes da pesquisa na UNESP, o farmacêutico Alberto José Cavalheiro, a principal vantagem de um novo medicamento à base de extrato da guaçatonga seria a sua ação rápida, sem causar efeitos colaterais - como a alteração do pH no estômago e a indução de contração uterina, o que impediria o uso pelas gestantes - geralmente provocados pelos remédios tradicionais hoje disponíveis no mercado. "A velocidade de cicatrização de úlcera crônica induzida experimentalmente em ratos foi mais rápida com o extrato da guaçatonga do que com os medicamentos mais utilizados", avaliou.
Cavalheiro, junto com Jayme Sertié e Ricardo Woisky, da USP, acaba de registrar o pedido de patenteamento das substâncias junto ao Instituto Nacional de Patentes Industriais (Inpi), com o auxílio do Nuplitec - Núcleo de Patenteamento e Licenciamento de Tecnologia da Fapesp. O próximo passo é aguardar os resultados dos ensaios clínicos e dos testes de toxicidade para avaliar a viabilidade do uso dos compostos em seres humanos.
Júlio Zanella
Notícia
Jornal da Unesp