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Contaminantes Emergentes: Como Agravam a Crise Hídrica em Países em Desenvolvimento, Revela Dossiê (27 notícias)

Publicado em 28 de abril de 2025

Aumento da Demanda por Água Doce e os Contaminantes Emergentes Com o crescimento da população, urbanização e atividade agroindustrial, a demanda global por água doce deve aumentar 55% até 2050.

Esse cenário impacta negativamente uma situação já marcada pela escassez de água e pela deterioração de sua qualidade, especialmente em países em desenvolvimento. Problemas como migrações forçadas e conflitos sociais devido à falta de água são já uma realidade.

Entre 1970 e 2000, a migração global relacionada à escassez hídrica cresceu 10%. Segundo um relatório da UNESCO de 2024, 2,2 bilhões de pessoas vivem sem acesso a água potável segura. Desde 2022, cerca de metade da população mundial enfrenta graves escassezes de água durante parte do ano.

Contaminantes Emergentes na Água

Em resposta a essa crise, a revista Frontiers in Water publicou um dossiê intitulado Emerging Water Contaminants in Developing Countries , que analisa a presença de contaminantes emergentes em nações de baixa e média renda. Geonildo Rodrigo Disner , pesquisador do Instituto Butantan, destaca que além de contaminantes conhecidos, como coliformes fecais, novas categorias de poluentes estão afetando as fontes de água.

Esses contaminantes incluem:

Pesticidas : diuron, glifosato, atrazina, 2,4-D.

Substâncias químicas : aditivos de combustíveis, materiais plastificantes, medicamentos (antibióticos, analgésicos, hormônios) e produtos de higiene.

A detecção desses compostos em concentrações antes não registradas gera preocupações. Esses poluentes, por não serem removidos pelos métodos convencionais de tratamento de água, acumulam-se nos ecossistemas aquáticos, podendo causar efeitos tóxicos em concentrações baixas.

Riscos à Saúde e Impactos Ambientais

Esses componentes, muitos deles desreguladores endócrinos, impactam a saúde de organismos aquáticos e humanos, acumulando-se ao longo da cadeia alimentar. Disner enfatiza que a maioria dos contaminantes emergentes não é monitorada nem regulamentada adequadamente, mesmo em regiões com sistemas de tratamento de água mais desenvolvidos, como São Paulo

Desigualdade e Mudanças Climáticas

Além da presença de poluentes, a desigualdade no acesso à água e os efeitos das mudanças climáticas são preocupações crescentes. Secas severas e enchentes comprometem a infraestrutura de distribuição de água. O relatório da UNESCO alerta que disputas pela água já são uma realidade em várias regiões.

Desenvolvimento Sustentável e Reformas Necessárias

O dossiê aborda também a necessidade de criação de marcos regulatórios e programas de monitoramento focados em contaminantes emergentes, com o objetivo de proteger a saúde humana e ambiental. A prevenção na fonte e o princípio da precaução são essenciais para abordar esses desafios.

A participação de Disner no dossiê foi possível pela bolsa de pós-doutorado oferecida pela FAPESP. O dossiê completo pode ser acessado em: Frontiers in Water

Informações da Agência FAPESP