Um estudo divulgado recentemente pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) foi a pá de cal que faltava para sepultar de vez a noção de que as chamadas bebidas energéticas podem anular os efeitos do álcool em casos de uso concomitante. Através de entrevistas com 136 consumidores da mistura e testes em laboratório com 26 indivíduos, os pesquisadores da instituição chegaram a duas conclusões: ao mesmo tempo em que Red-Bulls, Flashpowers e Mad Dogs da vida potencializam a sensação de prazer proporcionada por boas doses de fermentados ou destilados quaisquer, também fazem com que os usuários tenham a falsa percepção sobre o real estado de embriaguez que os acomete.
Os resultados levaram os pesquisadores da Unifesp, da equipe da cientista Maria Luiza Formigoni, a revelar preocupação pela possibilidade, ainda não comprovada, de que o consumo freqüente da mistura aumente os riscos do uso exagerado de álcool ou seja um elemento a mais para levar pessoas à dependência. A inquietação tem motivos, já que o alcoolismo é uma doença que atinge cerca de 12 milhões de jovens e adultos no país, sem falar que a maioria dos acidentes de trânsito tem relação com a substância.
A classe de bebidas energéticas foi criada em 1987 pelo austríaco Dietrich Mateschitz e desde então se tornou uma febre em bares e casas noturnas de várias partes do mundo. Não é de hoje também que esses produtos — geralmente, compostos por substâncias estimulantes como cafeína e taurina — despertaram o interesse da comunidade científica em todo o mundo. É tanto que em 1996 a revista alemã especializada em drogas e álcool, a Blutalkohol, publicou um artigo de pesquisadores germânicos sobre os riscos da "falsa sobriedade" provocada pela mistura, que causa nos usuários a sensação de que estão em bom estado para pegar no volante.
Para o farmacêutico e professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Eudes Veloso, ao lançar mão de inúmeras latinhas de energético, "o usuário pensa que, através das substâncias presentes nessas bebidas, é possível cortar o efeito depressor do álcool", esclarece. Os resultados do estudo da Unifesp vai ao encontro do que pensa o especialista. Segundo a pesquisa, apenas 14% dos 136 entrevistados afirmaram que nada se alterou com a mistura.
Nos testes de laboratório, as conclusões são ainda mais reveladoras. Diversas baterias foram realizadas com os 26 voluntários, utilizando um tipo de placebo (vodka com um corante amarelado que imitava o sabor dos energéticos), energético puro e misturado com álcool. Em nenhum momento, foi-lhes revelado o conteúdo a ser ingerido. Através do bafômetro, não houve redução dos níveis alcóolicos em todos os casos.
Nos exames de sangue, os usuários apresentaram índices semelhantes de açúcar e de hormônios dentro das variações testadas com bebida alcoólica pura ou misturada. A coordenação motora e a visão e reflexos também se mantiveram comprometidas nos dois casos. Para os pesquisadores, a única alteração se referiu apenas à percepção que os indivíduos testados tiveram sobre a redução do grau de embriaguez com a combinação de álcool e energéticos.
Um dos autores do estudo, Sionaldo Eduardo Ferreira, disse em entrevista à Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) ser ainda muito cedo para afirmar se os energéticos podem contribuir para o aumento do consumo de álcool. No entanto, ao testar roedores, Ferreira concluiu que, se o efeito estimulante verificado nos camundongos alimentados com a mistura for igual em seres humanos, há uma grande possibilidade que esse tipo de bebida leve os consumidores a abusarem do álcool.
Os resultados levaram os pesquisadores da Unifesp, da equipe da cientista Maria Luiza Formigoni, a revelar preocupação pela possibilidade, ainda não comprovada, de que o consumo freqüente da mistura aumente os riscos do uso exagerado de álcool ou seja um elemento a mais para levar pessoas à dependência. A inquietação tem motivos, já que o alcoolismo é uma doença que atinge cerca de 12 milhões de jovens e adultos no país, sem falar que a maioria dos acidentes de trânsito tem relação com a substância.
A classe de bebidas energéticas foi criada em 1987 pelo austríaco Dietrich Mateschitz e desde então se tornou uma febre em bares e casas noturnas de várias partes do mundo. Não é de hoje também que esses produtos — geralmente, compostos por substâncias estimulantes como cafeína e taurina — despertaram o interesse da comunidade científica em todo o mundo. É tanto que em 1996 a revista alemã especializada em drogas e álcool, a Blutalkohol, publicou um artigo de pesquisadores germânicos sobre os riscos da "falsa sobriedade" provocada pela mistura, que causa nos usuários a sensação de que estão em bom estado para pegar no volante.
Para o farmacêutico e professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Eudes Veloso, ao lançar mão de inúmeras latinhas de energético, "o usuário pensa que, através das substâncias presentes nessas bebidas, é possível cortar o efeito depressor do álcool", esclarece. Os resultados do estudo da Unifesp vai ao encontro do que pensa o especialista. Segundo a pesquisa, apenas 14% dos 136 entrevistados afirmaram que nada se alterou com a mistura.
Nos testes de laboratório, as conclusões são ainda mais reveladoras. Diversas baterias foram realizadas com os 26 voluntários, utilizando um tipo de placebo (vodka com um corante amarelado que imitava o sabor dos energéticos), energético puro e misturado com álcool. Em nenhum momento, foi-lhes revelado o conteúdo a ser ingerido. Através do bafômetro, não houve redução dos níveis alcóolicos em todos os casos.
Nos exames de sangue, os usuários apresentaram índices semelhantes de açúcar e de hormônios dentro das variações testadas com bebida alcoólica pura ou misturada. A coordenação motora e a visão e reflexos também se mantiveram comprometidas nos dois casos. Para os pesquisadores, a única alteração se referiu apenas à percepção que os indivíduos testados tiveram sobre a redução do grau de embriaguez com a combinação de álcool e energéticos.
Um dos autores do estudo, Sionaldo Eduardo Ferreira, disse em entrevista à Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) ser ainda muito cedo para afirmar se os energéticos podem contribuir para o aumento do consumo de álcool. No entanto, ao testar roedores, Ferreira concluiu que, se o efeito estimulante verificado nos camundongos alimentados com a mistura for igual em seres humanos, há uma grande possibilidade que esse tipo de bebida leve os consumidores a abusarem do álcool.