No 1º Workshop Tidia, que ocorre até sexta, Phillip Long, do MIT, defende o desenvolvimento de sistemas de conteúdo compartilhado como forma de disseminar o conhecimento científico e tecnológico nas instituições de ensino
Thiago Romero escreve para a "Agência Fapesp":
A liberdade de rodar um programa de computador para múltiplas finalidades. A possibilidade de adaptar um software para necessidades específicas que não as previstas pelo fabricante. A autonomia para melhorar os códigos-fonte de um programa e distribuí-los abertamente para disseminar o conhecimento.
Essas são algumas das possibilidades dos softwares de conteúdos abertos citadas por Phillip Long, criador do Empreendimento de Computação Académica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, durante o Io Workshop do Programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia), na quarta-feira (3/11), em SP.
"Porém, existe uma série de condições para a disseminação de uma cultura de códigos abertos", disse Long ao público presente no auditório do Centro de Convenções Rebouças, onde o evento ocorre até o dia 5 de novembro. "A principal delas é o desenvolvimento de trabalhos colaborativos a partir da contribuição de milhares de pessoas com objetivos comuns", explica.
Segundo ele, para que a colaboração seja bem sucedida é preciso haver um respeito pela qualidade intelectual de todos os colaboradores envolvidos no processo de aprimoramento do software.
"A profundidade das habilidades de desenvolvimento técnico é apenas um pré-requisito para a cultura de código aberto", acredita. "O grande segredo é integrar os sistemas e não simplesmente copiá-los ou reconstruir as funções que já foram rescritas por todos os desenvolvedores que tiveram acesso aos códigos."
Um exemplo de produto advindo desta comunidade de software aberto é o projeto Open Course Ware (OCW), um sistema compartilhado onde é possível acessar livremente pela internet o conteúdo de diferentes cursos ministrados no MIT. O site proporciona acesso fácil e gratuito aos materiais de pesquisa do instituto para educadores, estudantes e demais interessados de todo o mundo.
O projeto não requer nenhum tipo de cadastro ou registro. Os interessados podem entrar no site, escolher um programa de graduação e ter acesso a todo o material didático, incluindo o programa do curso, calendário, referência bibliográfica, avaliações, propostas de trabalhos e banco de imagens.
O pesquisador alerta que a idéia não é apenas repetir o que acontece em sala de aula, nem se igualar aos padrões das iniciativas de educação a distância.
"Trata-se de uma atividade permanente que tem o objetivo de atrair mais pessoas ao sistema educacional do instituto. O OCW deve estar sempre se aprimorando para que seja possível compartilhar as melhores práticas de ensino, ao mesmo tempo em que a sociedade pode contribuir para o desenvolvimento das disciplinas", ressalta no norte-americano.
Long conta que o sistema engloba atualmente o conteúdo de aproximadamente mil cursos, sendo que a meta é incluir, até 2008, os dois mil cursos existentes no MIT.
Mais informações: http://ocw.mit.edu
(Agência Fapesp, 4/11)
JC e-mail 2640, de 04 de Novembro de 2004.
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Jornal da Ciência online