Maurício Biazotto Corte teve 128 votos como candidato a vereador em Limeira e hoje manda na Prefeitura: "ele é de minha total confiança"
O poder do atual secretário de Governo e Planejamento da Prefeitura de Sorocaba, Maurício Biazotto Corte, nasceu de um conversa descontraída e despretenciosa na sala dos professores da Unip (Universidade Paulista) em Sorocaba.
Ex-colega (há 6 meses eles não se conversam) do secretário de Recursos Humanos, José Vicente Mascaranhas (que está de saída da Prefeitura), Biazotto chegou à Prefeitura no cargo de assessor. Aos poucos, foi ganhando a confiança e espaço junto a Vitor Lippi ao encantar o prefeito com teorias sobre planejamento estratégico, assunto que seduz Lippi ainda hoje.
Temperamental e agressivo quando pressionado, Biazotto, em maio de 2005, ainda assessor, esteve para pedir sua exoneração da Prefeitura devido ao ritmo lento com que a administração e os projetos andavam. Coube ao ex-secretário de Parcerias, Marcelo Lomelino, amigo, na época, da convivência particular de Lippi, convencer o prefeito da importância de um técnico como Biazotto para a administração.
A partir daí, com uma convivência mais estreita, Biazotto mostrou a Lippi quem, na adminsitração, era de fato compromissado com ele e quem não era. "Hoje o Biazotto é de minha total confiança, ele fez o governo andar, ele deu a dinâmica do sexto andar e tem o respeito e credibilidade dos vereadores devido a sua transparência e modo de administrar que é claro: sim, sim; não, não. Os vereadores estão gostando disso", explica o prefeito Vitor Lippi para justificar que não existe a menor chance de Biazotto vir a deixar o governo.
Ambicioso, ele perde eleição em Limeira
Biazotto nunca escondeu sua ambição política. Ele chegou em Sorocaba para dar aula, mas trouxe na bagagem a frustrada candidatura a vereador em Limeira, cidade onde trabalhou na Prefeitura e sentiu que poderia alavancar uma carreira política. Total frustração, teve apenas 128 votos, com o número 40002, pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro), de Limeira.
Em Sorocaba, quando ficaram definidas as candidaturas do PSDB à Câmara federal e Assembléia Legislativa, Biazotto tomou a direção de Antônio Carlos Pannunzio e deixou escapar, em conversas reservadas, severas críticas a Renato Amary, o principal padrinho da eleição que levou Vitor Lippi a vencer Crespo no 2º turno, em 2004.
Numa outra conversa, que deveria ser secreta, Biazotto chegou a ventilar sua ambição de vir a ser candidato a vice na chapa de Lippi numa provável candidatura à reeleição em 2008. Até junho, o PSDB recebe novos filiados que terão o direito de votar na escolha de quem será o candidato da legenda.
Estudioso
Como representante da empresa Bhar Indústria e Comércio Ltda, de Limeira, da área de Engenharia Elétrica, Biazotto buscou recursos na Fapesp (Fundação com fundos para pesquisa científica do Estado de São Paulo) para um projeto cujo o objetivo era caracterizar a metodologia teórica para a proteção uma eletrônica anticorrosiva.
Intitulado de empresário, num encontro do Sebrae, ele defendeu, em debate, que "toda a cadeia produtiva de um equipamento fica concentrada numa incubadora, o que diminui os custos e viabiliza a comercialização".
Como professor no Gestão e Docência no Ensino Superior na Metrocamp, em Campinas, Biazotto deu passos largos rumo ao mestrado, defendido no ano passado na Unip, com o tema Avaliação Institucional de Organizações Educacionais: método de auto-avaliação para a Gestão de Organização Públicas do Ensino Fundamental. Seu trabalho está disponibilizado no endereço http://dominiopublico.mec.gov.br/download/texto/cp013208.pdf
Essa área, aliás, fez dele examinador sênior do Prêmio Nacional de Gestão Pública, Ciclo 2005, da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento do governo do presidente Lula e dá os argumentos para pôr em prática o trabalho que tanto encanta Lippi.
Pai e marido
Casado com Leonor, Biazotto é pai de Bruna e Paula. Há um ano, deixou Campinas, cidade onde residiu durante sua vida (viajava a Limeira diariamente), e alugou um apartamento, no Jardim Emília, de dois quartos, onde passa a menor parte do seu tempo. Por Djalma L. Benette.
"A decisão é sempre minha"
O prefeito Vitor Lippi (PSDB) disse ao BOM DIA que quem toma as decisões na prefeitura é ele. "Não existe isso (negando que Biazotto toma as decisões). A secretaria de Governo tem uma participação na coordenação política e estratégica, somente isso", disse ele.
O secretário de Governo também negou que esteja ganhando poder. "Todas as decisões são colegiadas. É um folclore ou mito que está se criando e que não é verdadeiro", comentou.
Lippi disse que Biazotto arredonda as coisas para ele decidir. "Ele tem uma habilidade de trabalho muito grande a acaba sendo um grande amigo. Mas a decisão é sempre minha". O prefeito classificou o secretário de pára-choque. "Ele acaba recebendo muitas críticas por se expor muito".
Notícia
TV TEM (São José do Rio Preto, SP)