As cientistas brasileiras Ester Sabino do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e Jaqueline Goes de Jesus da Faculdade de Medicina da USP, lideraram o grupo de pesquisadores que realizou o primeiro sequenciamento genético do coronavírus na América Latina, apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso da doença em São Paulo. O empreendimento foi conduzido pelo Instituto Adolfo Lutz, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Oxford, no Reino Unido. A sequência completa do genoma do vírus foi divulgada na última sexta-feira (28/2) no site Virological.org e recebeu o nome de SARS-CoV-2.
Para realizar a pesquisa, os cientistas usaram um dispositivo portátil lançado pela startup britânica Oxford Nanopre Technologies. O aparelho é menor que um telefone celular e é conectado a um computador via USB. A estrutura do vírus foi decodificada e traduzida por um programa de computador.
O mapeamento do genoma do vírus é essencial para possibilitar o desenvolvimento de testes de rastreamento e vacinas. Também ajuda os especialistas a entender melhor como o vírus se espalha no ambiente e sofre mutações.
O coronavírus que chegou ao Brasil sofreu mutação
Estudos preliminares mostram que o vírus identificado no Brasil é diferente do observado no epicentro da doença em Wuhan na China, pois ele já sofreu três mutações. Ainda, verificaram os cientistas que o coronavírus que chegou no Brasil é semelhante ao encontrado na região da Baviera na Alemanha.
O primeiro paciente brasileiro confirmado como infectado pelo coronavírus foi contaminado após uma viagem à região da Lombardia, na Itália. Embora os testes indiquem que o vírus no Brasil é semelhante à sua variedade europeia, amostras italianas ainda não foram sequenciadas.
O Ministério da Saúde informou que um novo caso do coronavírus foi confirmado. O paciente, um homem de 32 anos, também estava em Milão, Itália. Ele foi levado ao Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo na sexta-feira (28 de fevereiro) com febre, tosse, dor de garganta, dores musculares e dor de cabeça. Sua condição era considerada leve e estável, o que o levou a ficar isolado em casa.
Atualmente, 182 casos suspeitos estão sendo monitorados e dois casos foram confirmados até o momento. Por outro lado, 71 casos foram descartados.