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Eletricidade Moderna

Congresso discute bioenergia e bioeconomia em SP

Publicado em 01 novembro 2017

O uso da bioenergia está entre as soluções apontadas para a redução das emissões de gases do efeito estufa e a manutenção do aquecimento global abaixo de 2°C até o final do século, conforme previsto pelo Acordo de Paris - firmado em 2015 durante a COP-21 - que tem o objetivo de minimizar os impactos das mudanças climáticas no planeta. A avaliação foi feita por Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, na abertura da terceira edição da BBEST - Brazilían Bioenergy Science and Technology Conference, realizada de 17 a 19 de outubro em São Paulo (SP). O evento tem como foco a discussão sobre bioenergia no contexto da construção de uma economia sustentável (bioeconomia).

De acordo com Cruz, a bioenergia pode ajudar a reduzir as emissões principalmente no setor de transportes, atualmente o que mais demanda energia no mundo: cerca de 27% de toda a energia consumida. "Energia é essencial para o desenvolvimento. Nos próximos anos, países como China, África, Índia, Rússia, Brasil e a região do Oriente Médio vão precisar de mais energia para criar uma vida melhor para sua população. Isso torna maior ainda o desafio de conter as emissões e, portanto, será preciso buscar novas formas de lidar com esse problema", disse.

Para o diretor, a ideia de substituir totalmente os motores a combustão por veículos elétricos precisa ser vista com cautela, uma vez que a indústria automobilística ainda precisa desenvolver tecnologias e processos que elevem a capacidade de armazenamento das baterias, aumentando, desta forma, a autonomia dos veículos. Ele também apontou que ainda há espaço para que motores a combustão se tornem menores e mais eficientes e que a eletricidade e os biocombustíveis são complementares e terão que atuar juntos. No futuro, segundo ele, a "demanda por biocombustíveis estará ligada principalmente à navegação oceânica, aviação e viagens rodoviárias de longa distância".

Sobre a participação das energias renováveis na matriz energética, foi apontado um crescimento exponencial, chegando a mais de 40% em países como Nova Zelândia, Suécia, Noruega e Islândia. No Brasil, o índice alcança 41% e a principal fonte renovável nacional é a cana de açúcar, que atende a 17,2% da demanda. "Cerca de 9% da energia elétrica gerada no Brasil hoje é oriunda da queima de biomassa, o que mostra que, além dos transportes a bioenergia, há espaço em outros setores", concluiu Cruz.

José Goldemberg, presidente da Fapesp, destacou que até 2050 a bioenergia vai corresponder a quase 30% de toda a energia consumida no mundo. Conforme dados divulgados pela IEA - Internationa/ Energy Agency, hoje o índice está por volta de 10%.

A Fapesp desenvolve, desde 2008, o BIOEN - Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia, que tem o objetivo de estimular e articular atividades de pesquisa e desenvolvimento utilizando laboratórios acadêmicos e industriais para promover o avanço do conhecimento e sua aplicação em áreas relacionadas à produção de bioenergia no Brasil. Desde sua criação, o programa recebeu R$ 80 milhões em investimentos. Outras informações estão disponíveis em www.fapesp.br/bioen.