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Conflitos contemporâneos na África

Publicado em 01 março 2018

Por Sérgio Luiz Cruz Aguilar

A análise de conflitos visa permitir melhor entendimento das dinâmicas, das relações e das questões envolvidas, de modo a auxiliar no planejamento de estratégias e ações para gerenciá-los, resolvê-los ou transformá-los. É um processo prático de exame e compreensão da realidade de um conflito a partir de uma variedade de perspectivas.

Há uma série de ferramentas e técnicas que auxiliam a análise e que são utilizadas por centros de pesquisa, agências e organizações internacionais, e que podem ser adaptadas às diferentes situações que cada conflito apresenta.

Ou seja, as ferramentas devem ser utilizadas de forma flexível, adaptadas a cada situação específica, bem como ao nível de conhecimento daqueles envolvidos com a análise.

Como os conflitos africanos atuais têm como uma das características as dinâmicas altamente fluidas, que se alteram todo o tempo, variando por todo o chamado “ciclo do conflito”, com diferentes estágios de intensidade e diferentes graus de violência, a análise deve reconhecer esses estágios, conhecer melhor essas dinâmicas e os eventos presentes em cada um desses estágios.

Uma das ferramentas utilizadas, denominada mapeamento do conflito, permite a visualização gráfica dos atores envolvidos, dos problemas existentes (estruturas), e das dinâmicas que operam em determinado conflito. Quanto melhor o entendimento sobre o conflito estudado, melhores serão as possibilidades apresentadas pela representação gráfica, no sentido de permitir a visualização dos atores presentes e como eles podem produzir efeitos positivos e negativos para as intervenções em busca da resolução do conflito, ou seja, a identificação dos pontos de entrada para o processo de paz.

Como nos conflitos africanos atuais a situação se altera por conta das interações entre os atores e entre eles e as estruturas presentes, dentro da abordagem sistêmica, o mapeamento mostra a situação em um momento específico, sendo constantemente atualizado.

A figura, acima, apresenta um exemplo de mapeamento do conflito da República Democrática do Congo, inserido no “sistema regional de conflitos” da região dos Grandes Lagos, apesar de não incluir todos os atores e suas relações, e de apresentar parte da situação específica no terreno no início de 2013.

 

Sérgio Luiz Cruz Aguilar é Professor Livre Docente em Segurança Internacional da Unesp – Câmpus de Marília e dos programas de pós–graduação de Ciências Sociais (Unesp/Marília) e San Tiago Dantas de Relações Internacionais (Unesp/Unicamp/PUC-SP). É coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Conflitos Internacionais (GEPCI) e do Observatório de Conflitos Internacionais (OCI). Pesquisa Regular FAPESP – Processo n. 2016/21211-8.