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Jornal da Unicamp

Conectando instituições a 400 gigabits por segundo (1 notícias)

Publicado em 16 de setembro de 2002

Por MARIA ALICE DA CRUZ — halice@nicamp.br
Uma rede de fibra óptica com velocidade de até 400 gigabits por segundo deve garantir a conexão entre várias instituições de ensino e pesquisas científicas no Estado de São Paulo. O sistema, chamado "Testbed óptico", coordenado pelo professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp, Hugo Fragnito, é um dos projetos que integram o programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia), que promete agilizar a troca de informações entre instituições de ensino e pesquisa. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o programa também inclui o projeto E-learning, voltado ao desenvolvimento de ferramentas para ensino e aprendizado via Internet e a criação de uma incubadora de conteúdos — como softwares, material didático e livros. O Tidia é um programa de pesquisa induzida por meio do qual a Fapesp pretende estimular pesquisas cooperativas na área de tecnologias da informação e comunicação. O objetivo é gerar recursos humanos com qualidade e quantidade necessárias para os setores de telecomunicações e informática e atrair empresas de alta tecnologia para o Estado. O trabalho visa, ainda, permitir o desenvolvimento de pequenas empresas, gerar conhecimento e inovação, propiciar a multiplicação de atividades de pesquisa cooperativa e o aumento de pesquisas multidisciplinares, como aconteceu com o Genoma. O primeiro passo para garantir esse resultado é dado pela equipe do professor Fragnito envolvida no Testbed, que deverá fornecer toda a base de operação do Tidia. A infra-estrutura, segundo o pesquisador, já está em fase de montagem. A primeira fase prevê uma rede ligando a Unicamp ao Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CPqD), primeiro parceiro da Universidade no projeto. A rede deve chegar a outras instituições, como o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e, posteriormente, até a Universidade de São Paulo (USP). Até o momento, o programa já conseguiu parceria com empresas de iniciativa privada que produzem dutos para a passagem das fibras. Inovador - Segundo Fragnito, o Brasil ainda não possui nenhuma rede acadêmica nas proporções do Testbed. "O Testbed será inovador em relação a outras redes acadêmicas no mundo", diz Fragnito. Segundo ele, o que o difere dos demais sistemas é a capacidade de suportar diferentes redes operando simultaneamente, a partir do uso de cabos de múltiplas fibras e, em cada fibra, vários lasers em diferentes comprimentos de onda. O sistema, de acordo com o coordenador, permitirá pesquisas avançadas, como telemedicina, educação a distância, videoconferências em alta definição e controle de instrumentos pela Internet do futuro, bem como a própria tecnologia de redes ópticas. "A partir dele é possível realizar experimentos em laboratórios distantes (Web-Lab) e até reger uma orquestra geograficamente distribuída por meio da rede", garante. Segundo Fragnito, o conceito de Web-Lab deverá revolucionar o modo como se ensinam ciências experimentais. "O acesso a um Web-Lab através da Internet do futuro permitirá, a alunos a milhares de quilômetros do laboratório, desde a caracterização de um transistor até empreendimentos mais sofisticados, como apontar um telescópio e ter a imagem de uma galáxia", explica. Inclusão - O programa permite, ainda, a inclusão de instituições sem recursos suficientes para desenvolver projetos mais sofisticados. Outra característica importante do Tidia é que a participação nos projetos não requer experiência consolidada. "Qualquer pesquisador que deseje integrar os projetos cooperativos pode participar", diz Fragnito. "O Testbed será uma grande facilidade laboratorial para pesquisas e testes de campo, aberta a pesquisadores tanto do mundo acadêmico como da indústria", completa. O Testbed, o E-Learning e a Incubadora de Conteúdos que integram o programa Tidia foram escolhidos entre mais de 120 propostas apresentadas inicialmente pela comunidade. A escolha foi baseada no potencial de construir projetos de caráter cooperativo, capazes de atrair parceria com a iniciativa privada e ter indicadores de progresso e resultados mensuráveis.