E mais do que convencida de que investir em tecnologia desburocratizando os processos, ou seja, fazer governo eletrônico é a única saída para a gestão pública. Como exemplo, cito nossos estudos divulgados no "Relógio da Economia", em que o governo de São Paulo economizou,com apenas sete programas de governo eletrônico, 21,5 milhões de reais, e a sociedade civil outros 2,46 milhões com cinco programas de e-gov implementados.
o governo de Minas Gerais com apenas três projetos obteve uma economia de 245 milhões de reais, enquanto Amazonas economizou outros 26 milhões somente com compras eletrônicas. Algumas projeções que realizamos para o governo do Estado do Rio Grande do Sul indicaram uma economia (Estado e sociedade civil) da ordem de 34 milhões de reais com a instituição de três programas inovadores.
Não podemos mais continuar gastando dinheiro público em papéis, assinaturas e carimbos. Por essa razão, defendo a idéia de que governo eletrônico implica um governo de maior qualidade, a um menor custo social de gestão il o que permite inclusive reduzir as alíquotas cobradas de impostos.
Um trio perfeito, não? E é esse o objetivo do governo eletrônico. Dessa forma, o cidadão pode relacionar-se com o Estado sem ter de conhecer suas estruturas burocráticas, nem a lógica interna. É o Estado que tem de conhecer o cidadão e não o contrário. Ainda temos um longo caminho a percorrer. Nesse contexto, temos boas e más notícias. Comecemos pelas más.
Em 2003, publiquei um artigo no jornal "Valor Econômico" com uma avaliação dos primeiros anos de e-gov no País: "os resultados são muitos e um longo caminho começou a ser trilhado. Como todas as outras atividades que acontecem dentro da economia digital, as inovações e atualizações devem ser permanentes. Se pararmos de avançar, estaremos retrocedendo. Temos muito a fazer, mas as linhas de ação estão corretamente traçadas e perfilam um futuro promissor que abre o caminho para a resolução de problemas históricos e estruturais que o Brasil enfrenta".
Isso parece uma profecia que se cumpriu, já que naquele ano éramos a 14 nação no ranking mundial de e-gov divulgado pela ONU, e hoje estamos na 33° colocação. A principal razão para essa queda foi o tema não ter sido prioridade para o governo federal. A mesma avaliação foi feita pelo Tribunal de Contas da União, que considerou insatisfatórios os resultados nacionais, mas ainda considerando que foram investidos 2,3 bilhões de reais na área.
Estamos batalhando para que isso mude, e que sejamos avaliados pelos organismos internacionais pelas ações que de fato realizamos como País, não nos restringindo somente ao nível federal.
A boa notícia é que a maior, parte dos Estados já entendeu essa necessidade e colocou como agenda prioritária políticas de governo eletrônico. São Paulo foi pioneiro no tema e sabemos que outros Estados estão avançando no caminho do bom uso de recursos públicos. Como uma boa gestão pública deve ser.
Florencia Ferrer é doutora em sociologia econômica, coordenadora do Ned-Gov (Fundap-Fapesp), e diretora-presidente da FF Pesquisa & Consultoria/ e-stratégia pública orencia@e-sfrategia