Notícia

Gazeta Mercantil

Concorrer com a tecnologia

Publicado em 17 agosto 1997

Por Ivan Schuster*
Competitividade. Essa, como é amplamente sabido, é a palavra de ordem da globalização. Falar em competitividade, contudo, é fácil, o difícil é obtê-la, fazê-la chegar no chão da fábrica, nas mesas dos escritórios. E não há como fugir a esse desafio, especialmente quando nós, empresas do Mercosul, estamos enfrentando vários desafios concorrenciais simultâneos. Estamos sendo desafiados a trabalhar no mercado ampliado do Mercosul, estamos sendo cortejados por blocos econômicos já estruturados como a União Européia e o dos países asiáticos, e começamos a discutir a formação da Area de Livre Comércio das Américas, na qual conviveremos de perto com o gigante norte-americano. O comércio de produtos agrícolas agroindustriais e minerais certamente continuará a ter um enorme espaço no mundo globalizado, assim como o de produtos industriais de baixa tecnologia. Mas o grande desafio a ser enfrentado estará no universo dos produtos de alta tecnologia, no qual os países do Mercosul mal engatinham. Serão cada vez mais sofisticados também os serviços e os métodos de comercialização, estes últimos baseados em redes de informação rápidas e estruturadas ao redor do mundo. Na base de todos esses complexos sistemas, do chão da fábrica a circuitos mundiais de informação, encontraremos sempre a informática, em que, para nós do Mercosul, o desafio de avançar é ainda muito maior. O Brasil patinou nesse campo durante mais de uma década por causa dos entraves criados pela Lei de Informática, que em vez de estimular a produção nacional atrasou-a. A Argentina, por sua vez, ainda convive com um parque instalado antiquado e, pouco adequado às soluções modernas utilizadas no mundo. Se queremos crescer como bloco regional e aluar como tal na globalização, nosso primeiro empenho deve ser criar, fortalecer, homogeneizar uma forte base operacional em informática e telecomunicações. A informática é uma área onde os desafios são permanentes em função das constantes exigências que as empresas defrontam para aumentar sua eficiência e produtividade - e que crescem à medida que nossas relações comerciais se internacionalizam. Os custos para manter sistemas atualizados dentro das empresas é alto. O surpreendente é que hoje já se começa a admitir que, muitas vezes, os resultados obtidos são controvertidos, ficam aquém do esperado. Chega-se até a discutir o quanto a renovação permanente de sistemas de informática colabora para um aumento real da produtividade das empresas. Esses novos enfoques ressaltam como se deve ser cuidadoso ao trabalhar com sistemas que se transformam no coração das empresas. E um campo onde todo cuidado é pouco. É preciso sempre avançar, estar "up to date", mas um erro pode levar ao desperdício de milhões de dólares. Muitas vezes um investimento malfeito pode anular por completo todo um projeto voltado para a diminuição de custos e aumento de eficiência. Em contrapartida, um projeto correto, bem dimensionado, que preveja evoluções que maximizem os investimentos já realizados, pode dar novo fôlego a uma empresa. O Mercosul é hoje um amplo e promissor mercado para empresas de consultoria e fornecedores de equipamentos e softwares na área de informática. Cabe aos clientes em potenciai agir com prudência ao selecionar as ofertas e propostas que lhe são feitas. É preciso analisar sempre se há correspondência entre os objetivos que a empresa quer atingir e as soluções que lhe são propostas por consultores e fornecedores. Desse equilíbrio depende o sucesso de um projeto de informática. Nele está a diferença entre aumentar a competitividade de uma empresa ou simplesmente jogar dinheiro pela janela. *Sócio-diretor da Cumerlato & Schuster Consultoria em Informática — Brasil