Um feixe de laser emitido por um aparelho instalado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) medirá, em tempo real, a concentração de poluentes até uma altura de 15 km sobre o município de São Paulo, entre os dias 20 e 22 de agosto. A iniciativa é inédita no Brasil e faz parte de uma campanha de medidas simultâneas de poluição que envolve o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e o próprio Ipen.
"O objetivo é determinar experimentalmente os dados e extrair deles os números sobre a poluição em São Paulo para confrontá-los com outras técnicas de medida que estarão sendo utilizadas simultaneamente", explica o físico Nilson Dias Vieira Junior, chefe do Centro de Laser e Aplicações, do Ipen, sediado no Campus da USP da Capital.
Outra preocupação será descobrir como ocorre a mobilidade das camadas de poluentes sobre a cidade. O experimento também verificará se elas estão oscilando verticalmente, ou seja, se aproximam-se ou não da superfície terrestre. Nesta ação, o Ipen utilizará um sistema de medição à distância via laser feito por um aparelho chamado Light Detection and Ranging (LIDAR), que propagará o feixe verticalmente, a partir do solo, até a altura determinada. "O método permite acompanhar, a cada instante, as variações das concentrações de poluentes, produzindo resultados em tempo real", ressalta o pesquisador.
O feixe de laser utilizado é de cor verde e poderá ser visto a olho nu, preferencialmente à noite, sem prejuízo algum à saúde. Nilson Dias lembra ainda que este experimento não produz nenhum problema ambiental. Ele conta que em 2003 o satélite norte-americano NOA, portando um LIDAR embarcado, direcionará sua trajetória para passar sobre São Paulo. O satélite trabalhará em conjunto com o equipamento do IPEN na medição de poluentes do espaço à Terra e vice-versa.
O cientista explica que o laser lançado na atmosfera se espalha pelas partículas que nela estão. Parte da luz é retrorefletida para um coletor luminoso, que dá um sinal proporcional à quantidade de partículas que espalham essa luz. Assim, essa interação determina o perfil de distribuição de poluentes na camada estudada.
Com 23 anos de trabalhos no desenvolvimento do laser no estado sólido, o Centro de Laser e Aplicações do IPEN adaptou o sistema LIDAR, em sua concepção ótica, para colocá-lo em funcionamento nesta ação. "Graças a acordos internacionais de cooperação, e com o apoio da Fapesp, foi possível ao Ipen desenvolver o sistema LIDAR para a utilização no Brasil", conta o pesquisador. Mais informações: (0XX11) 3816-9301, pelo e-mail laser@net.ipen.br ou no site http://www.ipen.br
Notícia
Agência USP de Notícias