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Agência USP de Notícias

Concentração de poluentes na atmosfera paulistana será medida com auxílio do laser (1 notícias)

Publicado em 16 de agosto de 2002

Por Marcelo Gutierres
Um feixe de laser emitido por um aparelho instalado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) medirá, em tempo real, a concentração de poluentes até uma altura de 15 km sobre o município de São Paulo, entre os dias 20 e 22 de agosto. A iniciativa é inédita no Brasil e faz parte de uma campanha de medidas simultâneas de poluição que envolve o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e o próprio Ipen. "O objetivo é determinar experimentalmente os dados e extrair deles os números sobre a poluição em São Paulo para confrontá-los com outras técnicas de medida que estarão sendo utilizadas simultaneamente", explica o físico Nilson Dias Vieira Junior, chefe do Centro de Laser e Aplicações, do Ipen, sediado no Campus da USP da Capital. Outra preocupação será descobrir como ocorre a mobilidade das camadas de poluentes sobre a cidade. O experimento também verificará se elas estão oscilando verticalmente, ou seja, se aproximam-se ou não da superfície terrestre. Nesta ação, o Ipen utilizará um sistema de medição à distância via laser feito por um aparelho chamado Light Detection and Ranging (LIDAR), que propagará o feixe verticalmente, a partir do solo, até a altura determinada. "O método permite acompanhar, a cada instante, as variações das concentrações de poluentes, produzindo resultados em tempo real", ressalta o pesquisador. O feixe de laser utilizado é de cor verde e poderá ser visto a olho nu, preferencialmente à noite, sem prejuízo algum à saúde. Nilson Dias lembra ainda que este experimento não produz nenhum problema ambiental. Ele conta que em 2003 o satélite norte-americano NOA, portando um LIDAR embarcado, direcionará sua trajetória para passar sobre São Paulo. O satélite trabalhará em conjunto com o equipamento do IPEN na medição de poluentes do espaço à Terra e vice-versa. O cientista explica que o laser lançado na atmosfera se espalha pelas partículas que nela estão. Parte da luz é retrorefletida para um coletor luminoso, que dá um sinal proporcional à quantidade de partículas que espalham essa luz. Assim, essa interação determina o perfil de distribuição de poluentes na camada estudada. Com 23 anos de trabalhos no desenvolvimento do laser no estado sólido, o Centro de Laser e Aplicações do IPEN adaptou o sistema LIDAR, em sua concepção ótica, para colocá-lo em funcionamento nesta ação. "Graças a acordos internacionais de cooperação, e com o apoio da Fapesp, foi possível ao Ipen desenvolver o sistema LIDAR para a utilização no Brasil", conta o pesquisador. Mais informações: (0XX11) 3816-9301, pelo e-mail laser@net.ipen.br ou no site http://www.ipen.br