Outro alerta que surgiu durante a pandemia é com respeito à saúde mental, pois houve um aumento do número de casos de depressão, ansiedade e perda do bem-estar que já estão documentados na literatura científica.
“Um dos estudiosos inclusive falou em quarta onda, que seria o aparecimento do aumento expressivo de diagnósticos em psiquiatria, em saúde mental, em geral, no pós-pandemia. Daí para que possa se recuperar a saúde mental vai ser necessária uma série de ações que visam tanto avaliar as pessoas quanto cuidar do aspecto de saúde mental, do nível de atividade física e da alimentação”, afirma a psiquiatra Ana Paula Carvalho.
Segundo ela o apoio a quem precisa de suporte para questões mentais vai além dos profissionais de saúde e envolve toda a comunidade e pessoas próximas a uma pessoa.
“Toda a comunidade envolvida em saúde vai precisar falar mais a respeito de saúde mental, porque o bem-estar está muito prejudicado, independentemente se a pessoa já tem um diagnóstico fechado. O nível de felicidade, nível de tranquilidade, de energia, de vontade para fazer as coisas, contato com outros seres humanos, em geral, a estrutura geral do bem-estar foi abalada pelo impacto, pelas incertezas econômicas, pelo fato de ter passado muito tempo com medo, o próprio isolamento, tudo isso impactou no bem-estar”, afirma ela.
A psiquiatra trabalha com medicina do estilo de vida, que relaciona hábitos de uma pessoa ao desfecho em saúde, que pode ser tanto para a prevenção como para intervenção.
“Esses hábitos vão determinar se uma pessoa vai adoecer ou não. Por meio dos estudos em cada um dos pilares da medicina do estilo de vida, a gente já sabe que existem algumas doenças que podem ter alguma intervenção em hábitos que faz com que a pessoa tenha maior chance de responder ao tratamento”.
A medicina do estilo de vida é considerada uma das medicinas do futuro, que estuda seis pilares: sono, alimentação, nível de atividade física, uso de álcool moderado, evitar ou parar o tabagismo, manejo de estresse e relacionamento social saudável.
Todos esses pilares estão relacionados ao aparecimento de doenças crônicas não infecciosas ou piora delas.
Segundo a endocrinologista e doutora em ciências médicas, Cristina da Silva Schreiber de Oliveira, cada vez mais haverá tecnologias como aplicativos para medir o nível de humor através de inteligência artificial, no qual a pessoa se conectar com as emoções e faz diários.
“Além dos aplicativos do ritmo circadiano, os aplicativos para saúde mental são uma tendência também que a gente possa utilizar não para diagnóstico, mas para apoio na evolução dos pacientes. E quando ele chegar no psicólogo ou psiquiatra já tenha identificando os estados de humor dele durante aquele tempo”.
Um exemplo de aplicativo desenvolvido pensando na saúde mental e bem-estar, principalmente dos idosos, é o Cérebro Ativo, criado pelo programador, CEO da Isgame (International School of Game) e pesquisador responsável pelo projeto Programação de Games para o Desenvolvimento do Raciocínio Lógico e Prevenção do Declínio Cognitivo em Idosos, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Fábio Ota.
A Isgame busca aliar a tecnologia para melhorar a saúde mental, utilizando videogames como ferramenta para estímulos cognitivos, físicos e mentais.
Foi pensando nisso que foi desenvolvido o aplicativo Cérebro Ativo, que possui games para saúde mental, com ênfase no público acima de 50 anos.
Utiliza o conceito do modelo biopsicossocial para integrar o monitoramento da saúde com treinamento de habilidades cognitivas, físicas e sociais.
“A gente trabalha na promoção da saúde por meio da tecnologia, do videogame, fazendo exercícios cognitivos. Todos os exercícios e a criação dos hábitos de exercícios para a mente fazem com que o jogador fique melhor e tenha uma longevidade com melhor qualidade de vida”, diz Fábio Ota.