Notícia

Folha da Região (Araçatuba, SP)

Computador contaminado é furtado da Unesp

Publicado em 29 junho 2007

Roberto Alexandre
Sexta-feira - 29/06/2007 - 03h01
Valdivo Pereira - 28/6/2007


Peritos foram ao local em busca de impressões digitais; no detalhe, alerta sobre risco do aparelho


Araçatuba - Um computador contaminado com uma substância chamada brometo de etídio, que é altamente cancerígena, foi furtado na madrugada de ontem da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araçatuba. Segundo professores e pesquisadores do setor de fisiologia do Departamento de Ciências Básicas da universidade, a pessoa que tiver contato direto e freqüente com a substância tem grandes chances de desenvolver algum tipo de câncer.

O computador estava no laboratório de cultura de células e era utilizado para pesquisa de biologia molecular. O local foi arrombado pelos ladrões. Todos os pesquisadores do setor utilizavam luvas e máscaras para evitar qualquer contato com a substância. Como o computador -- inclusive teclado e mouse -- ficava dentro do laboratório, todo o equipamento foi contaminado ao longo do tempo com o brometo de etídio, um tipo de corante que gera alterações da estrutura do DNA. Mesmo em local específico, o computador ficava envolto em plástico por causa do contato com as substâncias manuseadas no laboratório.

"Com certeza os ladrões não sabiam disso e agora todas as pessoas que ficarem em contato direto com esses equipamentos estarão expostas a essa substância altamente cancerígena", afirmou o delegado Vilson Disposti, titular do 1º Distrito Policial, responsável pela investigação do crime. "Por isso é importante recuperarmos esse equipamento o mais rápido possível".

O computador contaminado foi furtado junto com outros três que estavam na sala de professores do departamento. O local foi invadido durante a madrugada de ontem. Depois de cortar um alambrado, os criminosos arrombaram uma porta de ferro que dá acesso à sala onde são guardados os animais usados nas pesquisas.

Dentro do prédio, que fica no câmpus da universidade na rodovia Marechal Rondon (SP-300), os ladrões arrombaram outras portas e reviraram as salas dos professores e pesquisadores.

Pesquisas perdidas - Com o furto dos equipamentos, além do valor material, os cientistas perderam também anos de pesquisa. Segundo a professora Sandra Helena Penha de Oliveira, os dados de dezenas de experimentos estavam armazenados nos computadores levados pelos bandidos. "Para os ladrões essas pesquisas não têm valor nenhum, mas para nós, representam pelo menos cinco anos de estudos".

Nos HDs dos computadores, os cientistas armazenavam as evoluções das pesquisas em desenvolvimento no setor de fisiologia da universidade. Os professores não possuem cópias dos dados arquivados nos computadores.

De acordo com a Cristina Antoniali Silva, outra pesquisadora da Unesp, muitos estudos terão que ser feitos novamente. Para ela, o furto dos computadores representa um atraso do trabalho desenvolvido pelos cientistas do departamento, que reúne as faculdades fisiologia, farmacologia e bioquímica. A esperança dos pesquisadores é que todos os equipamentos furtados sejam recuperados sem nenhum tipo de dano nos arquivos.

Os computadores foram adquiridos com recursos da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Na semana passada o mesmo departamento da Unesp foi vítima de furto. Naquela ocasião, os ladrões levaram dois computadores e uma copiadora. A polícia acredita que os mesmos criminosos estejam envolvidos nos dois furtos.

Ontem, a Polícia Científica periciou o local do furto à procura de impressão digital. O laudo deve sair nos próximos dias.