Estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP) e publicado na revista Transplantoogy mostra que pessoas que passaram por transplante de fígado e depois tiveram covid-19 se recuperaram mais rapidamente do que os transplantados de coração ou rim.
Os pesquisadores analisaram a evolução da covid-19 em 39 receptores de órgãos. Desse total, 25 receberam transplante de rim, sete de coração e sete de fígado. Os dados foram comparados com outros 25 pacientes com Covid-19 não transplantados (grupo controle), pareados por idade e sem comorbidades.
Ricardo Wesley Alberca, bolsista de pós-doutorado e autor do artigo da Fapesp explica que transplantes de coração e rim exigem um uso maior de medicamentos imunossupressores que os transplantes de fígado, por exemplo."Com isso, além de constatar que nem todo paciente transplantado reage de maneira igual à Covid -19, nosso estudo aponta para a possibilidade de testar determinados imunossupressores no tratamento da covid-19, não necessariamente em paciente transplantado", diz o pesquisador.
O estudo faz parte de um inquérito epidemiológico maior, que analisou mais de 500 pacientes com covid-19 internados no Hospital das Clínicas no primeiro semestre de 2020. O trabalho é apoiado pela Fapesp e conta também com um auxílio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Os pesquisadores também vão avaliar a infecção pelo Sars-CoV-2 em indivíduos que estão sob tratamento com imunossupressores ou imunomoduladores, como é o caso de pacientes com psoríase, dermatite atópica ou que fazem uso de antirretrovirais (portadores de HIV).