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Como transformar cidades em refúgios verdes? Confira 18 ações que os municípios podem adotar (4 notícias)

Publicado em 18 de abril de 2024

Ações são sugeridas em publicação gratuita organizada por pesquisadores de diversas unidades da USP e profissionais de educação; material se baseia em observações elaboradas pelo uso da Plataforma UrbVerde

Até 2050, de acordo com dados de um relatório mundial publicado pela ONU-Habitat em 2022, 68% da população mundial viverá em cidades. Embora existam incontáveis vantagens para todos os que adotarem o ambiente urbano, a vida nas cidades também gera uma série de impactos negativos para o meio ambiente. Mas isso não precisa ser uma regra.

Lançado recentemente no Portal de Livros Abertos da USP, o e-book ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis: Explorando o Potencial da Plataforma UrbVerde para o Planejamento Ambiental Urbano oferece uma alternativa para que gestores públicos e membros da sociedade civil formulem políticas que estimulem a sustentabilidade e a transformação das cidades em refúgios verdes e saudáveis.

Organizado por pesquisadores de diversas unidades USP e profissionais de educação, o material se baseia em observações elaboradas pelo uso da Plataforma UrbVerde , uma ferramenta projetada para monitorar, analisar e impulsionar políticas públicas focadas no enriquecimento da vegetação urbana, na criação e manutenção de áreas verdes e no combate às ilhas de calor.

De acordo com o professor Marcel Fantin, um dos organizadores da obra e docente do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP em São Carlos, “o livro é fruto de um trabalho colaborativo de nossa equipe de pesquisa, dentro do Projeto Políticas Públicas da FAPESP e do CNPQ. Ele surge da necessidade de conectar a plataforma UrbVerde com políticas públicas efetivas, fornecendo um ferramental essencial para essa integração”.

A obra foi desenvolvida com foco inicial nos gestores urbanos e é a primeira de uma série de trabalhos que serão publicados posteriormente. Sobre a abordagem deste primeiro e-book, o professor destaca a importância de se explorar a relação entre a plataforma UrbVerde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 11, que trata de cidades e comunidades sustentáveis: “Esse trabalho não apenas orienta sobre o uso da plataforma UrbVerde, mas também oferece um panorama das políticas públicas globais relacionadas aos ODS, além de propor sugestões práticas para ações municipais alinhadas com a sustentabilidade”, esclarece.

Neste contexto, o livro discute uma ampla gama de questões que, inclusive, vão além do aspecto puramente ambiental. Fantin salienta a importância de considerar indicadores de racismo ambiental e demográfico – prática de deslocar comunidades racialmente marginalizadas para áreas contaminadas expõe esses grupos a poluição e impactos ambientais prejudiciais – além de propor ações que levem em conta a realidade local de cada município, revelada por dados do IBGE.

Em essência, o trabalho discute a importância de um planejamento ambiental urbano efetivo, com a proposta de 18 ações concretas que os municípios podem adotar, como estabelecer percentuais mínimos de cobertura vegetal, criar autoridades climáticas municipais e monitorar indicadores de evolução dos objetivos definidos.

Entre elas, o professor argumenta sobre a necessidade de estabelecer percentuais mínimos de áreas verdes nos municípios: “Essa medida não só contribui para a expansão urbana de forma sustentável, mas também visa garantir uma distribuição justa de áreas verdes, priorizando regiões carentes que historicamente foram negligenciadas”.

Na opinião do especialista, a implementação dessas políticas demanda um acompanhamento rigoroso e sistemático. Nesse sentido, Fantin reitera o papel fundamental das autoridades climáticas municipais, que devem monitorar e fiscalizar o cumprimento dessas metas, sugerindo intervenções quando necessário.

Além dos benefícios ambientais, a presença de vegetação urbana é crucial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e melhorar a qualidade de vida nas cidades. “As ilhas de calor são um exemplo claro dos desafios enfrentados pelas áreas urbanas, e a vegetação desempenha um papel crucial na redução desse fenômeno”, defende Fantin.

Por fim, o professor reforça o caráter colaborativo e extensionista do projeto. “Este é um marco importante em nossa jornada, pois reafirma o compromisso da USP em trabalhar em conjunto com a sociedade para construir cidades mais sustentáveis e resilientes em todo o estado”, conclui.

O e-book pode ser baixado gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP neste link

O que é a Plataforma Urbverde?

A UrbVerde é uma plataforma inovadora de monitoramento de áreas verdes urbanas em todo o Estado de São Paulo. Desenvolvida por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, ela oferece mapeamentos precisos, relatórios sobre ilhas de calor e índices de vegetação, além de dados sobre a distribuição de espaços institucionais como parques e praças. Financiada pela USP, a UrbVerde utiliza dados abertos e busca a participação ativa dos municípios, fornecendo informações essenciais para políticas públicas locais.

Para acessar a plataforma UrbVerde clique aqui

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