Notícia

TV Minas

Como o desequilíbrio da microbiota intestinal pode levar à doença de Parkison (123 notícias)

Publicado em 22 de março de 2022

Canaltech LabNetwork Jornal da Ciência online Voz da Bahia eCycle Blog Jornal da Mulher Blog Jornal da Mulher Tabocas Notícias RBR Notícias O Sul Andaiá FM Rádio Jaraguar FM 94.5 Pharma Innovation Pharma Innovation Ideal MT Portal Prudentino F5 News Rádio Costa Sul FM 99.3 Piauí Noticias Saense Rádio Vale FM 102,3 (Bahia) LIM - Laboratórios de Investigação Médica Biblioteca do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes Gazeta dos Municipios online Canal Nutrição Head Topics (Brasil) Head Topics (Brasil) JN Hoje Vocacionados FOCEP Brasil Vitrine Patos Blog Saúde e Dicas TV Pampa Acesso Wi-Fi.com Blog Deep Brain Stimulation / Parkinson Revista Go Outside online Futuro da Saúde Recantos da Terra online Saúde em Tela Revista Cenarium online Índices Bovespa Bahia Imprensa Real Radio Tv Brasil Guia Viver Bem Achado Top Blog O Cubo Porto Estrela News O Santarritense Digital Dia a Dia Nordeste Portal Paripiranguense Voz do Piauí Momento Saúde TV Caparaó Saúde Brasília Portal Simonésia Vitat Rádio Pampa FM 97,5 Play Crazy Game MS POST WebMais Poder no Quadrado Notícias do Brasil Notícias do Brasil Logistic Ready (Alemanha) Tem Quote Portal Bendita Saúde World Stock Market News Bulletin 247 TIM News Portal Nosso Goiás Folha do ABC Folha do ABC Espia Aqui Today 24 News Blog do Dina - por Dinarte Assunção Mais Brasil News Canal do Sul R7 Brasil Portal News Newsbeezer (África do Sul) Newsbeezer (África do Sul) Ache Bahia Canal Três TechnBoBlog Alipng ASR Tech News Portal de Notícias de Barra Mansa Graveola News Jornal Correio de Uberlândia O Precursor Cellera Farma Notícias dos Jornais News

Há evidências crescentes de que a microbiota intestinal pode influenciar no desenvolvimento e na progressão de distúrbios neurodegenerativos. Dois estudos recentemente publicados por pesquisadores brasileiros não só reforçam essa hipótese como descrevem o mecanismo pelo qual a disbiose – como é chamado o desequilíbrio entre espécies bacterianas patogênicas e benéficas no intestino – pode favorecer o surgimento da doença de Parkinson.

A investigação foi conduzida com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por pesquisadores ligados ao Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que integra o complexo do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas. Parte dos resultados foi publicada em fevereiro, no periódico iScience. O segundo artigo foi divulgado este mês na revista Scientific Reports.

“Estudos têm mostrado que o diagnóstico da doença de Parkinson ocorre tardiamente. E que o distúrbio pode se originar muito mais cedo no sistema nervoso entérico [que controla a motilidade gastrointestinal], antes de avançar para o cérebro por meio das fibras autonômicas”, diz à Agência FAPESP Matheus de Castro Fonseca, coordenador da pesquisa.

De fato, vários trabalhos recentes relataram consistentemente a existência de disbiose intestinal em portadores de Parkinson esporádico (casos em que não há um fator genético envolvido), reportando uma maior abundância da espécie bacteriana Akkermansia muciniphila em amostras fecais desses pacientes, quando comparados ao grupo-controle.

“Foi recentemente descrito que células específicas do epitélio intestinal, chamadas de células enteroendócrinas, possuem muitas propriedades semelhantes às dos neurônios, incluindo a expressão da proteína α-sinucleína [αSyn], cuja agregação está sabidamente relacionada com a doença de Parkinson e com outras doenças neurodegenerativas. Por estarem em contato direto com o lúmen intestinal – isto é, o espaço interior dos intestinos – e se conectarem por sinapse com os neurônios entéricos, as células enteroendócrinas formam um circuito neural entre o trato gastrointestinal e o sistema nervoso entérico, sendo assim um possível ator-chave no surgimento da doença de Parkinson no intestino”, informa Fonseca, que atualmente realiza uma pesquisa de pós-doutorado sobre o tema no California Institute of Technology (Caltech), nos Estados Unidos.

Com esses conhecimentos em mente, o grupo do CNPEM buscou entender se os produtos secretados pela bactéria Akkermansia muciniphila poderiam iniciar a agregação da α-sinucleína nas células enteroendócrinas. E se a αSyn agregada nessas células poderia, então, migrar para terminações nervosas periféricas do sistema nervoso entérico.

“Constatamos que as proteínas secretadas pela bactéria, quando cultivadas na ausência de muco intestinal, induzem uma sobrecarga na sinalização intracelular de cálcio das células enteroendócrinas. Isso gera estresse nas mitocôndrias dessas células [as organelas responsáveis pela produção de energia]; síntese e liberação de espécies reativas de oxigênio [que em excesso danificam as estruturas intracelulares]; e, então, agregação da proteína αSyn”, conta Fonseca.

“Além disso, quando cultivamos juntos as células enteroendócrinas e os neurônios, vimos que a proteína αSyn agregada pode ser transferida de um tipo celular para outro”, acrescenta.

A descoberta é muito importante, pois mostra que a disbiose intestinal pode levar ao aumento de espécies de bactérias que, eventualmente, contribuem para a agregação da αSyn nos intestinos. E que essa proteína pode então migrar para o sistema nervoso central, configurando um possível mecanismo de surgimento da doença de Parkinson esporádica.

“A cascata de reações pode começar nos intestinos e subir para o cérebro. Pessoas com predisposição à doença Parkinson esporádica geralmente apresentam, muitos anos antes, quadros recorrentes de constipação intestinal. Em nosso estudo com modelos animais, verificamos uma correlação direta entre disbiose intestinal e Parkinson”, comenta Fonseca.

Novas estratégias de prevenção

Os estudos sobre os microbiomas presentes no organismo humano estão avançando rapidamente. E há uma crescente compreensão da correlação entre o desequilíbrio da microbiota intestinal e as doenças neurodegenerativas – não apenas Parkinson, como também Alzheimer e até mesmo autismo. Revisões alimentares, com vista a reequilibrar a microbiota intestinal, e transplante não invasivo de microbiota intestinal, por meio de cápsulas, podem ser importantes recursos para prevenir essas doenças.

“As doenças neurodegenerativas ainda não têm cura. Por isso, a prevenção é fundamental. Antes o foco das pesquisas era o cérebro. E, com décadas de estudos, não se avançou muito nesse sentido. Agora estamos redirecionando o foco, do cérebro para os intestinos. E as novas descobertas parecem muito promissoras. É muito mais fácil modular a microbiota intestinal do que enfrentar um quadro estabelecido e consolidado no sistema nervoso central”, sublinha Fonseca.