Proteínas ativadas pelas células mamárias tumorais em cultivo tridimensional as protegem de tratamento com cisplatina
A quimioterapia com cisplatina, substância que causa danos ao DNA das células cancerosas, é amplamente utilizada no tratamento de pacientes com câncer de ovário, bexiga, garganta, esôfago, entre outros; mas não funciona para um dos mais frequentes na população brasileira, o de mama. Ao estudar células mamárias em culturas tridimensionais (3D), pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) observaram que, com o DNA lesionado pela cisplatina, esse tipo de câncer ativa uma enzima que permite o crescimento do tumor a despeito dos estragos no material genético. A associação de um inibidor enzimático à quimioterapia levou mais células cancerosas à morte.
Foi um longo caminho até a descoberta. Embora o câncer de mama seja muito estudado, o habitual é cultivar as células tumorais em laboratório nas placas de Petri, recipientes achatados feitos de vidro ou plástico. Nelas, as células também crescem achatadas, planas, sem formar as estruturas tridimensionais do organismo vivo. Já nas culturas 3D, elas ficam dentro de um gel rico em laminina, molécula responsável pela adesão entre as células no corpo. Suspensas nesse ambiente que reconstitui a membrana basal – estrutura localizada entre os tecidos sustentadores e as células cuja função é nutri-las e regenerá-las em caso de lesão –, elas se comportam mais fielmente ao que ocorre no organismo, respondendo à cisplatina de um jeito diferente do observado nas culturas bidimensionais (2D).
Veja o texto na íntegra: Revista Pesquisa Fapesp