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Como funciona o doutorado direto para aceleração da formação de doutores? (3 notícias)

Publicado em 20 de maio de 2025

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O doutorado direto é uma modalidade de pós-graduação que permite ao estudante ingressar diretamente no doutorado, sem a necessidade de cursar o mestrado previamente. Essa iniciativa, recentemente formalizada em um acordo entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), visa acelerar a formação de doutores no Brasil, especialmente em áreas como engenharia, ciências exatas e biológicas.

O programa prevê a criação de centenas de bolsas anuais para estudantes que optarem por essa via, com metade delas destinadas à Universidade de São Paulo (USP) e o restante distribuído entre outras universidades públicas paulistas. Além disso, a FAPESP complementa as bolsas da Capes para equiparar os valores, tornando o doutorado direto financeiramente atraente para os alunos. Conversamos mais sobre o assunto no artigo a seguir, do Engenharia 360!

Qual o diferencial do doutorado direto em relação a outros sistemas educacionais?

A principal diferença do doutorado direto em relação ao sistema tradicional é a possibilidade de pular a etapa do mestrado, que historicamente é vista como obrigatória no Brasil. No entanto, essa obrigatoriedade é considerada uma "invenção recente" e sem fundamento sólido, segundo especialistas e dirigentes da FAPESP.

Acadêmicos que ingressam diretamente no doutorado já demonstram maturidade e excelência em pesquisa, muitas vezes comprovadas por um excelente histórico acadêmico e iniciação científica durante a graduação. Isso significa que o doutorado direto não é um atalho, mas sim um reconhecimento do mérito do aluno, que já possui as habilidades e conhecimentos que o mestrado tradicional buscaria desenvolver.

Além disso, o programa permite que, em algumas áreas, alunos que iniciaram o mestrado possam converter seu curso para doutorado direto após o primeiro ano, evitando a burocracia e o hiato entre as etapas. Essa flexibilidade torna o processo mais dinâmico e adaptado às necessidades do estudante e da área de conhecimento.

Por que acelerar a formação de doutores no Brasil? A necessidade de acelerar a formação de doutores no Brasil tem como principal motivação a idade avançada em que os pesquisadores atualmente concluem seus doutorados. A média nacional é de 38 anos, quase uma década maior do que nos anos 1960, quando a média era de 29 anos.

Essa demora reduz o tempo de vida produtiva dos cientistas, especialmente nos primeiros anos de carreira, que são cruciais para a inovação e a produção científica de alto impacto. Jovens pesquisadores tendem a ser mais criativos e dispostos a assumir riscos, qualidades essenciais para o avanço da ciência e tecnologia.

Além disso, o mercado de trabalho para doutores no Brasil, embora mais resiliente a crises econômicas, tem apresentado desafios, como a redução da proporção de doutores com emprego formal nos primeiros anos após a titulação. A formação mais rápida pode ajudar a ampliar a força de trabalho qualificada disponível para o setor público, indústria e inovação.

Como o doutorado direto pode impactar o meio acadêmico de engenharia? No campo da engenharia, o doutorado direto pode representar uma mudança significativa na formação dos pesquisadores. Áreas como física, química e engenharia já possuem uma tradição maior na adoção desse modelo, pois os alunos frequentemente desenvolvem pesquisas avançadas ainda na graduação, o que os prepara para ingressar diretamente no doutorado.

Com a adoção do doutorado direto, espera-se um aumento na produção científica e tecnológica, já que os jovens engenheiros poderão dedicar mais anos à pesquisa avançada, sem o tempo adicional do mestrado. Isso pode acelerar o desenvolvimento de soluções inovadoras para desafios nacionais e globais, fortalecendo a posição do Brasil no cenário científico internacional.

Além disso, a maior agilidade na formação de doutores pode incentivar a renovação do corpo docente nas universidades, trazendo pesquisadores mais jovens e atualizados para o ensino e pesquisa. Isso também pode estimular a interdisciplinaridade e a integração entre academia e indústria, fundamentais para a engenharia moderna.