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Como é a iniciação científica? (1 notícias)

Publicado em 12 de dezembro de 2019

O ICano de 2019 foi o segundo ano do meu curso superior e confesso que foi um ano proveitoso! Bastante parecido com a ideia que sempre tive de como seria estar na faculdade. E pensando na minha experiência vou compartilhar com você como é participar de um projeto de iniciação científica, ou IC para os íntimos, e a importância disso na sua vida acadêmica.

O que é IC?

É uma oportunidade que o aluno tem de participar ou desenvolver um projeto de pesquisa na área de interesse acompanhado por um professor orientador que também é pesquisador. Nesse projeto o aluno ganha experiência com práticas de pesquisa, tem contato direto com pessoas especializadas em um determinado assunto e consegue se aprofundar mais no mundo acadêmico. Ideal para quem pretende fazer um mestrado, doutorado e eventualmente tornar-se professor de alguma universidade.

Cada projeto é único, desenvolvido com base nos conhecimentos do orientador e na demanda do meio acadêmico. Nós alunos entramos para auxiliar nos procedimentos operacionais, realização de testes, observação dos resultados e processo de escrita dos relatórios.

Como entrei na IC

Devo ter mencionado alguma vez aqui no blog que meu único arrependimento durante o curso técnico foi não ter feito um estágio por uma série de motivos. Então logo que ingressei no ensino superior meu pensamento era claro e objetivo: “No segundo ano do curso tenho que conseguir um estágio!”.

Eu sabia que teria que correr atrás para conseguir adquirir a experiência que não consegui antes, ainda mais por não ser obrigatória a realização do estágio em cursos de nível tecnológico de acordo com a legislação atual. Imaginei inclusive que não seria tão difícil assim conseguir uma vaga, mas logo no primeiro ano do curso já iniciei minhas pesquisas, buscando empresas que realizassem o tipo de trabalho no qual pretendo me especializar. Porém durante esse ano enviando e-mails e não recebendo respostas percebi que teria que pensar em outras estratégias para conseguir um estágio ou talvez pensar em outras possibilidades disso.

Se você leu o post onde escrevi sobre dicas para começar a faculdade você vai lembrar que uma das dicas que mencionei foi estar por dentro das notícias da faculdade, acompanhar os editais e as coisas que eles publicam no site oficial. E foi justamente lá que, no início do meu terceiro semestre de curso, vi a publicação de uma vaga para participar de um projeto de pesquisa na área de alimentos! O pré requisito: Estar cursando a matéria Técnico em alimentos (apenas para alunos do 5º semestre) ou pessoas que tivessem feito o curso de técnico em alimentos.

Pensei… Por que não tentar?

Segui então até a sala da professora responsável pelo projeto na data e horário estabelecidos, com esperanças fiz a entrevista que foi uma conversa rápida. Deixei a sala sem acreditar muito que seria escolhida e semanas depois recebi a ligação dela informando que passei no processo seletivo e deveria começar a correr atrás dos documentos para regularizar minha situação.

O que é preciso FAZER: Primeiramente você não pode ter nenhum vínculo empregatício; Deve criar e manter atualizado um currículo na plataforma Lattes; Precisa ter uma conta no banco em seu nome para receber a bolsa, se for o caso; Terá que entregar um relatório parcial (depois de 6 meses de projeto) e um relatório final para mostrar as conclusões da pesquisa; Deve expor os resultados do projeto em congresso com certificação ISSN para que haja validade científica. Começam os trabalhos!

As pesquisas dentro da minha área são basicamente laboratoriais, mas existem diferentes tipos de pesquisa e vou deixar aqui um link para você ler mais sobre o assunto caso tenha interesse em saber mais sobre diferentes metodologias.

Tudo foi realizado em laboratórios específicos para nossa pesquisa. No meu caso trabalhei dentro do laboratório do próprio IFSP onde estudo e também nos laboratórios de cereais da FEA – Faculdade de engenharia de alimentos da Unicamp.

O nosso projeto foi sobre soluções filmogênicas de glúten. Não vou contar muitos detalhes, mas pra vocês terem uma ideia o projeto de pesquisa que realizamos envolvia acompanhamento de vida de prateleira, o que significa que tive alguns intervalos de tempo entre cada análise das amostras, porém existem projetos que os alunos devem fazer acompanhamento e análises nas amostrar por vários dias seguidos ou ficar 12 horas ou mais monitorando os resultados para não haver erros… Sei de alunos que tiveram que dormir na faculdade para conseguir fazer tudo que precisavam.

Mas existem outras possibilidades…

Para participar de uma iniciação científica o próprio aluno, se tiver uma ideia para desenvolvimento de pesquisa, pode procurar um professor da área de interesse, expor sua ideia e juntos submeterem o projeto para aprovação na FAPESP, CAPES ou CNPq e então tentar uma bolsa para começarem a trabalhar. Esse projeto do qual participei foi remunerado, $400 por mês, mas existem projetos voluntários, então você deve ficar atento a esses detalhes se isso for importante para você.

Há ainda projetos de extensão que são ligados diretamente à contextos sociais e tem como objetivo a aplicação dos conhecimentos acadêmicos a fim de dar algum retorno para a comunidade local. Dentro da minha área esse tipo de projeto não é tão comum, mas em cursos como administração já é mais recorrente.

Todas as informações são disponibilizadas no edital ou na página onde a vaga foi anunciada. Importante lembrar que você só pode desenvolver esses projetos enquanto for estudante.

E o que é preciso ser?

Só lembrando que as coisas que vou falar aqui são qualidades de um bom pesquisador, você não precisa ser tudo isso antes de tentar ser um pesquisador! Apenas tenha essas coisas em mente, observe-se e veja onde precisa melhorar.

A pesquisa exige bastante disciplina, leitura (muitas vezes leitura em outro idioma), pensamento crítico, domínio de boa interpretação de texto e escrita com linguagem técnica. Atenção e concentração são essenciais durante toda a rotina de trabalho. É importante ter criatividade para pensar em alternativas, disciplina e rigor para respeitar as metodologias, raciocínio lógico para relacionar teoria e prática, mas principalmente interesse e amor pelo que faz, do contrário o trabalho não flui.

A pessoa deve entender que no desenvolvimento da pesquisa há tentativa e erro, análise do que deu certo e do que deu errado e, tão importante quanto saber desenvolver o método é saber diferenciar um resultado incorreto de um resultado negativo. Mas não se preocupe porque seu orientador irá te auxiliar com tudo isso, mas veja bem eu disse AUXILIAR, então é preciso que você se prepare, estude o assunto, trabalhe aquilo que você considera ser um ponto fraco e aproveite para aprender bastante.

Como forma de inspiração vou deixar esse vídeo aqui que resume bastante essa ideia. [ative as legendas se precisar]

Minhas considerações

Minha ideia inicial sempre foi estudar engenharia de alimentos na Unicamp, porém com o meu desempenho no vestibular e no Enem consegui vaga para estudar Processos químicos no Instituto Federal de Capivari que eu nunca tinha ouvido falar, mas era um curso que estava dentro do que eu buscava…

Apesar de não ter seguido pelo caminho que eu imaginava tive essa oportunidade de trabalhar em parceria com a Unicamp por causa do projeto de IC. Conheci uma professora excelente, a Fernanda Ortolan que da aula no IFSP, mas se formou doutora na Unicamp, pude trabalhar em laboratórios da FEA com pessoas muito competentes e que também estão desenvolvendo seus próprios projetos e compartilhando conhecimentos, visitei a biblioteca da Unicamp voltada somente para a área de alimentos e que é simplesmente sensacional!!…

O que quero dizer com tudo isso é que as vezes na vida da gente seguimos uns caminhos que podem não ser exatamente o que esperávamos, mas sabendo buscar, com paciência e tendo em mente seus objetivos, eventualmente você vai alcançá-los.

Então esteja preparado aprendendo e buscando sempre. Consegui essa vaga porque fiz dois anos de curso técnico em alimentos e isso demonstrou que conheço pelo menos o básico pra conseguir desenvolver com facilidade o assunto. Outra coisa importante foi o inglês! ESTUDEM INGLÊS, a maioria dos artigos que tive que ler para embasar meus conhecimentos estavam em inglês, então como eu já sei o idioma minha orientadora viu que seria mais fácil passar o material de estudo.

Caso você não saiba ainda, esse blog aqui onde você está tem bastante conteúdo que pode te ajudar a estudar inglês, então dê uma explorada!

Se ficou alguma dúvida, quer fazer algum comentário ou compartilhar sua experiência fique a vontade para escrever nos comentários!

Não se esqueça de compartilhar esse post com seus colegas de faculdade ou amigos que já estão pensando sobre o que fazer quando entrarem na faculdade futuramente!

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