Li reflexão interessante do professor Luiz Eduardo Corrêa Lima publicada em seu blog (Na era da biologia, o biocentrismo precisa prosperar https://go.shr.lc/2XQjo-DZ). Biólogo, o professor Luiz discorre sobre a evolução da importância desse conjunto de conhecimentos, com algum contraponto com a Química e a Física. Vale a leitura. Penso que a Química há muito tempo absorveu os conceitos da Biologia, não apenas nas disciplinas bioquímica e biotecnologia, mas na questão ampla de equilíbrios dinâmicos, ciclos fechados, resíduos zero e por aí vai. Alguns desses tópicos já foram abordados neste espaço. Na verdade, as divisões científicas como as conhecemos foram apenas subterfúgio para facilitar o aprendizado e o estudo. Acabamos por segregar demais esses saberes.
No entanto, contra a ignorância, mesmo a educação como vacina a longo prazo se mostra ineficiente. Contra o autoritarismo, acreditávamos que o voto seria uma vacina suficiente. Agora descobrimos que apenas contra o coronavírus há, finalmente, vacinas que possam combatê-lo e diminuir os efeitos da Covid-19. Porém, o desgoverno faz de tudo para ser contrário à ciência e ao conhecimento e já padecemos da ansiedade antivacinal presumida.
Além disso, órgãos consolidados de imprensa nem sempre ajudam no esclarecimento. A Folha de S. Paulo possui espaço de opinião chamado Tendências/Debates e foi duramente criticada por sua ombudsman ao publicar artigo negacionista da ciência, defendendo o inexistente tratamento precoce contra a Covid-19. O pior é que descobrimos pela jornalista que fora preterido o artigo de Aloizio Mercadante esclarecendo a falácia de matéria daquele jornal sobre a década de avanços sociais no país, sem citar o sujeito, ou seja, o governante e o partido responsável pelo feito. Essa comunicação de ciência que fazemos é importante, ainda que não totalmente eficiente. Não encontramos ainda o tom correto, a direção a ser seguida, a abordagem instigante para o interlocutor entender a importância do conhecimento e desses saberes científicos. A Revista Pesquisa FAPESP, por exemplo, na edição de dezembro, fez uma reportagem intitulada “ Vozes bem-vindas ” sobre o assunto. Cursos de especialização em jornalismo científico, como o do Labjor da Unicamp que tive oportunidade de fazer, formam e demandam profissionais nessa área, mas ainda são insuficientes. A Doutora Margareth Dalcolmo, citada na reportagem, é um exemplo de dedicação por estar todos os dias dando entrevistas e fazendo esclarecimentos sobre a pandemia do novo coronavírus. Ela participou ao vivo do programa Roda Viva da TV Cultura em novembro, visivelmente com olheiras e dizendo que o trabalho de esclarecimento deve ser ininterrupto. De manhã, naquele mesmo dia, ela já havia participado de webinário da Fapesp. O Boletim Anti-Covid que editamos na Unesp Rio Claro (https: sites. google. com/unesp. boletim-anti-covid-19/) tem esse mesmo intuito, influenciando a mídia local a repercutir os alertas e análises lá contidos. #IniCiencias.
[ O autor é graduado e licenciado em Química pela Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP (1989), com Mestrado (1991) e Doutorado em Química (1995) pela mesma UNICAMP tendo passado dois anos na Alemanha no Instituto Federal de Pesquisas Florestais (Hamburgo 1992-1994)]