Notícia

MTI Tecnologia

Como a tecnologia pode melhorar o saneamento básico brasileiro?

Publicado em 14 maio 2020

O saneamento básico consiste em um conjunto de infraestruturas e medidas adotadas pelo governo, com o objetivo de gerar melhores condições de vida para a população, por meio de serviços de tratamento e abastecimento de água, esgoto sanitário, manejo de resíduos sólidos, limpeza e drenagem de lixo das águas pluviais urbanas.

No Brasil, o conceito de saneamento básico está estabelecido pela Lei no. 11.445/07, que estabelece quais são os serviços estruturais essenciais, incluindo as atividades realizadas na estação de tratamento de efluentes, que faz a destinação e transformação dos resíduos de esgoto das cidades.

Apesar do saneamento básico brasileiro ter avançado nos últimos anos, ainda há um déficit no setor. Isso porque, no Brasil, uma média de 17% do total de domicílios não possui abastecimento hídrico encanado, tendo acesso à água por cisternas, açudes, etc.

Segundo o relatório de impacto ambiental do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), até 2017, 48% da população não tinha acesso a esgoto; 35 milhões de brasileiros não tinham acesso à água tratada; e apenas 46% de todos os esgotos são tratados.

O censo de 2017 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que, em 2017, 58% das 59% das escolas de ensino fundamental do país não tinham acesso a rede de esgoto.

As desigualdades regionais também são marcantes na questão do saneamento básico. Enquanto cidades mais desenvolvidas, como São Paulo e Rio de Janeiro gozam de um sistema de tratamento de água e esgoto, outras capitais como Belém e Macapá não possuem o mesmo privilégio.

Outras nações, como o Equador, Chile e Honduras apresentam índices de saneamento básico melhores que o Brasil, para o mesmo recorte temporal.

Apesar disso, o território brasileiro vem apresentando gradual melhora nos sistemas de tratamento de água e esgoto, muito por conta da implementação de novas tecnologias, que ajudam no gerenciamento das atividades de saneamento básico.

Em 2018, o SNIS mostrou que houve um aumento de 2 milhões de novos habitantes atendidos com serviços de saneamento, o que significa um crescimento de 1,9% em comparação ao ano anterior.

A taxa de atendimento em áreas urbanas é de 60,9%, com destaque para a região Sudeste, com 83,7%.

O artigo de hoje vai tratar justamente de como a tecnologia pode melhorar o saneamento básico brasileiro e atuar ao lado de empresas de saneamento para oferecer uma infraestrutura melhor na questão do cuidado com a água e o esgoto nos municípios.

O aprimoramento de novas tecnologias é imprescindível para melhorar o desempenho de inúmeras atividades, entre elas, os serviços de saneamento básico.

Por meio de sistemas complexos, com redes que podem se distribuir em dezenas de quilômetros, é possível ampliar o atendimento à população, ao mesmo tempo melhorar a qualidade no tratamento de água e efluentes.

Grande parte dessa revolução tecnológica é feita pelas próprias empresas de saneamento, como a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que criou a Superintendência de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Novos Negócios.

Em convênio com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o projeto irá financiar cerca de R$ 50 milhões, até 2029, para projetos e centros de pesquisa especializados no estudo de tratamento de efluentes industriais, água e esgoto.

A ideia da Sabesp é melhorar os processos de saneamento básico, oferecendo melhores condições de vida para a população em geral, especialmente os mais necessitados.

Além disso, será possível diminuir a dependência externa, para que o próprio Brasil possa cuidar das demandas de saneamento do país.

Abaixo, confira algumas tecnologias que têm revolucionado o tratamento de esgoto, água e podem ser usadas em serviços de saneamento, como em uma empresa de coleta de resíduos.

A Internet das Coisas, ou Internet of Things (IoT), em inglês, consiste em uma tecnologia sofisticada, que utiliza sensores online para captar dados sobre o consumo, distribuição e tratamento de água potável.

Desse modo, é possível aumentar a eficiência do saneamento básico, bem como conferir informações importantes sobre a qualidade da água, em tempo real.

A IoT pode repassar todos os dados diretamente para os responsáveis, com sistemas de alerta integrados aos tablets, celulares, smartphones e notebooks.

Assim, como uma medição de água mais precisa, é possível:

A internet das coisas contribui também com a economia, pois quando a empresa percebe a ocorrência de vazamentos, as medidas de contenção podem ser tomadas mais rapidamente.

O uso de biomassa aeróbica granular tem sido uma solução adotada para os sistemas de efluentes, inclusive para estação de tratamento de esgoto compacta.

De forma resumida, nos filtros biológicos a retenção de biomassa é realizada com a introdução de material suporte que propicia o crescimento da matéria.

Já com os reatores de crescimento biológico, em suspensão com massa líquida, a retenção de biomassa é feita pelo retorno do lodo decantado, direto para o tanque de aeração.

Com essa tecnologia, não é preciso ter um decantador secundário e, além disso, a etapa de sedimentação ocorre no próprio reator biológico. Ou seja, o tratamento é feito de modo muito mais rápido e eficaz.

Um novo tipo de filtro para tratamento de água, feito a base de grafeno, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Monash, na Austrália, e na Universidade de Kentucky, nos EUA, e está sendo cotado como a solução para o gerenciamento da crise mundial de água.

O filtro de grafeno possibilita uma agilidade para que a água e outros líquidos sejam filtrados. Assim, é possível resolver o problema da falta de água limpa e segura, recorrente em países subdesenvolvidos, como o Brasil.

Além disso, a resistência do filtro de grafeno é superior, por isso, ele pode ser usado em ambientes de descarte de resíduos químicos, que são mais corrosivos, com menos necessidade de manutenção.

A incineração não é uma tecnologia nova, porém ela vem sendo usada com mais frequência nos últimos anos, especialmente para o tratamento de resíduos sólidos e efluentes.

Por meio da queima das sobras, com fornos ou usinas próprias, os resíduos são queimados em altas temperaturas, associadas a oxigênio em excesso. Essa junção promove a formação de cinzas inertes e, posteriormente, pode ser usada como energia.

Isso porque, uma certa quantia de energia que é liberada pode ser usada como energia térmica e, depois, elétrica.

ssim, as estações de tratamento de água e esgoto podem ser beneficiadas com o processo, tanto por reduzir a presença de sólidos quanto por utilizar a energia.

O processo de geração de energias é relativamente simples: após a incineração dos resíduos, gera-se vapor, que movimenta as pás ligadas a uma turbina.

Desse modo, com os movimentos giratórios da turbina, é possível alterar o fluxo do campo magnético dentro do gerador. A alternância produz energia elétrica, com capacidade de abastecimento de usinas, indústrias e residências.

Contudo, para a incineração de resíduos, é fundamental respeitar as leis ambientais. Afinal de contas, a combustão pode contribuir para a liberação de gases tóxicos, como a emissão de dioxina e outros poluentes comprovadamente perigosos para a saúde pública.

De acordo com pesquisas, esses gases são potencialmente cancerígenos para os humanos.

Por conta disso, antes de implantar o método de incineração nas estações de tratamento de efluentes, é preciso consultar a viabilidade técnica e ambiental, com prévia aprovação dos órgãos especializados.

O avanço tecnológico possibilitou o aprimoramento de inúmeros processos essenciais para a sociedade, como é o caso dos serviços essenciais de saneamento básico, ou seja, o tratamento de água e esgoto.

Os problemas com saneamento básico são uma das principais discussões do Brasil e, há muitos anos, o país vem investindo em inovações, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das populações menos abastecidas com água potável, ou sem tratamento adequado de efluentes.

Nesse sentido, a tecnologia foi eficaz para o desenvolvimento de equipamentos, softwares, membranas filtrantes, bem como demais componentes, recursos e processos que contribuem para essa questão, sendo possível melhorar as projeções de saneamento básico no Brasil durante os próximos anos.

Além disso, centros de pesquisa, universidades e fundações se empenham para descobrir outras inovações, que também serão responsáveis por combater a crise hídrica e colaborar com a melhoria da qualidade de vida.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.