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Agência UVA - Universidade Veiga de Almeida

Como a indústria de games se tornou uma das mais rentáveis em um mercado tão competitivo (1 notícias)

Publicado em 25 de maio de 2021

Por Rafael Barreto

Este mercado tem crescido cada vez mais superando outras indústrias de grande sucesso.

Os videogames que há muito tempo atrás só significavam diversão, ou perda de tempo para os mais antigos que não foram criados com essa tecnologia, hoje se mostra uma das indústrias mais rentáveis e competitivas do mundo, superando atualmente a de música e também de Hollywood. Isso é nada mais do que o resultado de diversos investimentos nesta área e que trouxeram resultados positivos para o setor.

Segundo uma pesquisa da TechNET Immersive, este mercado hoje vale cerca de US$ 163,1 bilhões. Com esses números, este mercado é responsável por mais que a metade de quanto vale a indústria do entretenimento, constatando assim que supera hoje os mercados de música e também cinema unidos. Ainda segundo essa informação, hoje no globo existem cerca de 2,5 bilhões de jogadores, sendo a China a responsável por um quinto deste total. Neste estudo não foram quantificados a parcela de brasileiros gamers.

O estudante de jornalismo, Dorval Francisco, de 26 anos, comenta que sempre teve uma ligação muito forte com videogames desde cedo. Ele que é apaixonado por futebol fala sobre como é jogar o Fifa em campeonatos online, fazendo uma comparação do virtual com o real.

“Eu nasci em uma era que o vídeo game já estava bem presente desde muito cedo. O meu primeiro foi o Super Nintendo. Eu amava jogar o futebol dele. Tinha o Renato Gaúcho jogando pelo Fluminense, e eu como tricolor levo aquilo com muita nostalgia. Meus gêneros favoritos são Futebol ou esportes no geral. Fifa é o meu título favorito. Ele me atrai pelo fato de eu ser completamente apaixonado por futebol. Há um modo nele chamado Pró Clubs, onde jogamos com um jogador apenas, levando o futebol real para o virtual”, comenta Dorval.

Foi no período de pandemia, no ano de 2020, que o mercado de games percebeu um alto crescimento. Não é possível dizer se foi devido ao Covid-19 que teve esse impacto tão grande nesta indústria de entretenimento, mas uma coisa é certa: com o fechamento de cinemas, teatros, shows, eventos esportivos por todo o globo, ficou nítido que as pessoas que tiveram que ficar presas em casa devido ao vírus, se dedicaram aos jogos por mais tempo do que teriam se dedicado normalmente, ocasionando este resultado.

Anderson Santos, estudante de química da UERJ, de 23 anos, conta como surgiu o interesse por videogames em sua vida e explica que por poder controlar o personagem no jogo é possível escolher o que quiser fazer neste universo. Ele também cita a importância dos investimentos nessa área e que sem eles não seria possível alcançar este patamar.

“Eu tive um game boy quando criança, jogava muitos jogos de aventura. Foi ali que comecei a gostar desse universo, jogar me faz sentir parte da história. É como se eu de alguma forma estivesse ali com o personagem que eu controlo. Eu jogo qualquer gênero, menos jogos de terror. A franquia de God of War, Far Cry, Uncharted são muito boas, as aventuras e histórias dos jogos são bem atraentes para mim. Acho que, como tudo na vida, tiveram os pioneiros que ousaram fazer com que os vídeo games fossem mais do que um hobby, com isso, hoje em dia, temos campeonatos, patrocinadores, equipes, bem semelhantes a outros esportes consagrados como vôlei e futebol”, conta Anderson.

Outro ponto a ser considerado é a venda lucrativa que esses jogos conseguem. A venda de consoles, jogos e também serviços que tem ligação com jogos online como Playstation Plus, Gamepass e Switch Online são outros aspectos que devem ser considerados em quanto (valor) uma empresa desse ramo lucra. Se antigamente só se via o lucro com a venda de games, hoje é muito mais do que isso. Existem diversos outros fatores como aparelhos, acessórios e também os serviços pagos para uma melhor experiência.

Quanto às plataformas de jogos, elas são muito variadas. Tem a de Mobile (Smartfones e Tablets) que arrecadou 64,4 bilhões de dólares em 2020, a de computadores, que é uma das mais populares e tem mais fãs, arrecadou cerca de 29,6 bilhões de dólares e por fim temos a de consoles (Playstation, Xbox e Nintendo) que é uma das mais populares por sempre trazer novidades em consoles com as tecnologias mais avançadas e que faturou 15,4 bilhões de dólares.

O game-designer e também pós-doutorando em Neuroeducação do Cepid Brainn Fapesp, Ricardo Rodrigues Nunes, comenta que os jogos já não apenas entretenimento há tempos e que hoje é um trabalho sério. Ele também comenta que apesar dos altos preços pelos games no Brasil, os consumidores ainda compram em alta demanda.

“Os jogos já não são vistos apenas como entretenimento. Eles têm sido usados cada vez mais utilizados em outros setores da economia. Alguns exemplos são o uso da mundos virtuais e simulações para o treinamento e o uso da gamificação para motivar as pessoas à irem além e contribuírem para uma sociedade melhor. Os preços são realmente altos, mas começam a surgir estratégias para driblar esse problema. Acredito que em breve, serviços de assinatura como a Xbox Game Pass e a EA Play (que vem junto na assinatura da Game Pass) venham dar maior acesso à diversos títulos por um preço bem mais acessível”, explica Ricardo.

E os lucros de games não ficam presos apenas às vendas com consoles, mobile e computador. Também há os conteúdos ligados a essa área como por exemplo as plataformas de vídeo em que streamers ou gamers fazem gameplays e lives através da Twitch, Facebook e Youtube. Estas plataformas conseguiram lucrar 6,5 bilhões de dólares no último ano.

Devido a esses investimentos e também à alta aceitação e resposta dos consumidores, este mercado conseguiu superar em termos quantitativos dois grandes mercados: o da música e do cinema. Isso foi possível porque esse mercado não é apenas de jogos em si. Não se limita aí, há muito mais do que isso, como atores desempenhando papeis ou dublando personagens como nos filmes, uso da melhor computação gráfica existente, roteiro bem trabalhado tanto como os de Hollywood, gameplay muito bem desenvolvida onde o jogador consiga controlar o personagem com o máximo de qualidade a fim de se assemelhar mais e mais à realidade.

Essa indústria está a cada dia buscando cada vez mais se superar. Ela ter ultrapassado duas gigantes do entretenimento só mostra como este tipo de mercado não pode mais ser tratado como apenas diversão ou perda de tempo, visto que apesar da cobrança de muitos impostos nesse setor aqui no Brasil, tem ajudado a economia a se movimentar melhor. É um entretenimento como todos os outros e que traz cada vez mais pontos a serem discutidos sobre como pode melhorar e um dia se tornar o topo das indústrias que visam entreter os consumidores.

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Rafael Barreto – 8º período