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Publicado em 25 de abril de 2023

Bruno de Pierro é editor-chefe da revista de jornalismo científico Einstein, que será lançada em breve.

Como surgiu a sua carreira no jornalismo científico?

Quando tomei a decisão de fazer jornalismo, ainda tinha um pouco de dúvida sobre o quadro em que tinha de me orientar. Porque eu gostava de gráficos semelhantes à biologia e na época eu estava até pensando em ler medicina, no entanto, eu a descartei temporariamente. e mantive-me fiel à caixa das humanidades e do jornalismo. No primeiro ano de jornalismo eu disse para mim mesmo ‘bem, eu estou em comunicação, mas eu não precisava absolutamente me desviar dos tópicos que eu ainda gosto de ler e ainda tenho contato’, que era o caso das ciências biológicas, e outros interesses.

E aí comentando isso no meu primeiro ano com dois professores que eu tive lá na PUC-SP, José Arbex Jr. e José Salvador Faro, eles me falaram “olha, eu não sei se você sabe, mas existe uma coisa chamada jornalismo científico, então talvez essa seja a sua maneira de unir os dois mundos?”, termo “jornalismo científico”, mas eu conhecia exemplos de jornais que eles me deram e que eu seguia ou conhecia, como Superinteressante. A partir daí, comecei a ler por conta própria. e caçar quem eram os cães ou quem eram os cães da época que trabalhavam com ele. Porque então também não havia cursos de graduação, e ainda não há campo do jornalismo científico nas principais carreiras do jornalismo. Nessa época, na PUC, tem um curso de pós-graduação que eu até ministrei através do Ulisses Capozzoli, cheguei a trocar e-mails com o Ulisses. Então comecei a me procurar para entender o que é esse domainArray.

E culminou que, no atual ano do jornalismo, foi feito um convite aos bolsistas para realizar um trabalho de iniciação à ciência. Acho que, não tendo seguido um curso de jornalismo científico, eu poderia investigar oficialmente essa caixa como parte de uma tarefa de iniciação. E foi aí que Faro aceitou ser meu conselheiro. Eu não tinha ideia do que investigar, sabia que estava procurando que fosse sobre jornalismo científico. E aí Faro me levou para a Rua Monte Alegre, em frente à antiga Faculdade de Comunicação, fomos ao quiosque que ainda existe e me compramos uma edição da revista Pesquisa FAPESP, esta do final de 2006 até o início de 2007, seja fazendo o trabalho de iniciação à ciência, para conseguir uma bolsa. E ele disse ‘leve para casa, veja o que você acha, porque eu acho que é a revista de jornalismo científico mais produtiva do país, confira hoje e não é tão identificado quanto é, não há quadros clínicos nele, então eu acho que seria uma ótima tarefa se você olhasse para ele para perceber sua importância neste contexto’.

Li, gostei imediatamente, me senti contemplado, pensei ‘nossa, posso ser jornalista e também lidar com a ciência ao mesmo tempo’. Então, em 2007, junto com o início, eu fiz essa iniciação clínica. E foi uma época muito inteligente porque conheci várias outras pessoas interessadas não só lá na revista, mas também outras pessoas que estavam fazendo estudos de jornalismo científico na época. Foi lá que conheci o estilo de vida de Labjor, que os principais editores clínicos do país nos principais jornais e estabeleceram um contato muito forte com os estudiosos do antigo Núcleo José Reis de Jornalismo Científico da USP, que hoje não existe mais. Eles me deram vários livros e estudos sobre comunicação de ciência e ciência. comunicação.

Desde 2007, não saio desta região. Tentei sair duas vezes, mas não consigo. Entendi essa a minha posição no jornalismo científico.

Em que região você se registrou para desmaiar?

Também me interessei por jornalismo cultural, música e arte em geral. Houve duas vezes em que flertei com, digamos, algumas oportunidades de pintar nesses campos. Cheguei a escrever para um site online especializado em cinema. Depois tentei um pouco antes da pandemia, em 2019, alguns processos seletivos quadriculados com comunicação institucional em museus de arte, mas é isso, não é?Eu fui para a entrevista, eles disseram ‘você tem um currículo muito inteligente, mas por que você está aqui?”[Risos] Então eu me reconciliei.

Só para fechar este capítulo, encontrei, nesta ocasião, para entrevistar para minha pesquisa, Mariluce Moura, que era então diretora da revista e que também foi a usuária que desenhou e criou Pesquisa FAPESP. Anos depois, em 2013, ele me convidou para as pinturas de lá. O que eu já treinei. Lá passei quase 8 anos como editor-adjunto de política científica. E para constar, um usuário vital que também me incentivou muito na época da minha iniciação clínica foi José Hamilton Ribeiro, um dos precursores do jornalismo científico no Brasil, que até recentemente ainda corria profissionalmente no programa Globo Rural. Tive a chance de conhecê-lo, fui à Globo, almoçamos juntos. Ele me contou um pouco sobre sua carreira. E então aprendi que era imaginável misturar não apenas jornalismo e ciência, mas também grandes reportagens dentro do jornalismo científico, que era outra questão que também me interessava, como fazer jornalismo científico como um componente de grandes reportagens.

Entre 2012 e 2014 concluí o mestrado em Divulgação Científica e Cultural no Labjor e em 2021 ingressei no Doutorado em Ciências Ambientais na USP.

Com toda a sua experiência, quais você acha que são as principais falhas do “jornalismo científico”?

Não sei se são fracassos, eu diria, talvez, as situações mais exigentes ou os problemas que ainda querem ser mais trabalhados ou mais concebidos. Essa é a minha percepção, sei que alguns colegas a partilham, outros menos. Tenho a impressão de que o jornalismo científico ainda está muito ligado, muito dependente de artigos clínicos. O artigo clínico, a revista, é talvez o máximo, a expressão máxima consagrada da produção clínica, seja identificado através de pares, seja aquele em que o estudioso ou estudiosos chegam ao final de um estudo e comunicam seus efeitos e conclusões aos seus pares.

Mas acho que isso merece ser um ponto de partida para o jornalista científico, não o fim. Ou seja, esse jornalista pega o jornal, passa por ele, sai o mais importante, a notícia, o que interessa ao máximo do ponto de vista da imprensa, mas às vezes acaba esquecendo de passar um pouco além desse resultado. O documento nada mais é do que um. . . No máximo, um relatório de cientista para cientista, de cientista para líder clínico, para suas instituições. E o jornalista esquece de ver quais são as histórias dessa investigação, quais são as dificuldades. Nem tudo o que acontece em uma investigação é relatado.

Agora, eu também sei que nem tudo o que acontece em uma investigação vai permanecer em um relatório. Eu também sei que digo isso, mas no dia-a-dia, na prática, acabamos praticando esse tipo de jornalismo mais como papel. Não? Mas o que reviso na medida do possível, quando possível, é trazer a produção clínica que se expressa nos artigos clínicos como ponto de partida a partir do qual posso, por exemplo, até pensar criticamente sobre a pesquisa, colocá-la em um contexto social, no contexto em que é produzida. Ou seja, como é discutido com outros campos semelhantes de sabedoria ou como esses pesquisadores discutem ou não com seus pares. Em que contexto ocorre, penso que é um ponto.

E algum outro ponto que vejo como um desafio, que se tornou ainda mais notório com a pandemia de covid-19 e com evidências mais maravilhosas dos efeitos das mudanças climáticas, da emergência climática em nosso cotidiano, é a necessidade de o jornalismo científico levar em conta não apenas a produção clínica ou as pinturas de pesquisadores. A discussão entre a ciência e outras sabedorias será agora cada vez mais exigida e estudada, no sentido de que percebemos o efeito da ciência na sociedade, mas não passivamente, na sociedade inerte, esperando o que os pesquisadores terão a dizer sobre esse assunto em termos de solução, para que os pesquisadores sejam os maravilhosos salvadores e nos tirem dessas crises. Vemos que há um namoro entre outros atores sociais, agregando os pesquisadores, a comunidade clínica, mas isso não é feito isoladamente.

Muitas das respostas que temos notado na pandemia, por exemplo, em comunidades aqui em São Paulo, no Rio, em várias partes do mundo, as comunidades mais vulneráveis têm buscado respostas concretas baseadas na verdade local com assistência. de estudiosos. Assim também uma forma de coprodução de sabedoria. Isso também com relação ao fator ambiental é muito forte hoje, temos uma expansão de estudos participativos, estudos que se posicionam na gaveta da chamada ciência cidadã, em que a coprodução de sabedoria envolve cientistas, líderes de rede, líderes, até empresas, acabaram de dar o tom do que seria para nós uma das táticas para encontrar respostas para os principais distúrbios que nos afligem. Humanidade em outros contextos, em outras realidades. Então, acho que os cães de caça e o jornalismo científico de hoje querem estar preparados para lidar com essa complexidade.

E também com a consulta de ameaças. Todas essas questões, como a opção de novas pandemias, o agravamento da crise climática, nós, como sociedade e comunidade clínica, enfrentamos a ameaça da incerteza. Então é isso: vai ser cada vez mais comum a gente sentar na frente de um pesquisador e ele dizer: ‘Bem, eu não sei, minha sabedoria está se desenvolvendo aqui, a partir daqui vamos ter que pensar juntos sobre como resolver essa questão’.

E então o jornalismo científico é menos tecnocrático, menos burocrático, menos dependente dos jornais, porque a ciência será produzida em tempo real dentro de uma comunidade, dentro de um laboratório em parceria com algum outro laboratório e o que acontecerá será publicado em preprint, tornado público nas mídias sociais e o documento será apenas mais uma opção para que esses efeitos apareçam. É por isso que hoje as principais agências de investimento do Brasil e do mundo estão repensando como realmente comparar e medir o efeito da pesquisa, da ciência na sociedade, porque as equipes de avaliação tradicionais estão se mostrando insuficientes. Assim, não sabemos mais exatamente como, a partir de agora, poderemos dizer “essa pesquisa tem efeito, essa não surge”, já que não podemos usar as mesmas métricas para pesquisas de outra natureza.

Porque se correr a ameaça de transmitir ao público uma visão de uma ciência que se faz de forma linear. Há espaços de sabedoria que ainda pintam muito bem desta forma mais clássica, mas diante dos maravilhosos desafios da humanidade, mais e mais pesquisadores que saibam pintar em colaboração com não-cientistas.

Você tem um semestre para ensinar uma elegância que precisa ser informada ou praticar jornalismo científico. Qual seria a sua prioridade?

Em termos práticos e práticos, vou até parecer contraditório agora, no entanto, vou dizer uma coisa que vou explicar. Eu acho que para aqueles que são novos neste campo, eu forneceria Array sobre como ler um artigo clínico. Ele disse “não, o jornalismo científico não tem que estar ligado exclusivamente ao papel”, e agora eu digo que você tem que saber ler, porque mesmo que seja apenas um ponto de partida, é um ponto de partida justo, portanto, para o bem ou para o mal, você acaba procurando pontos de referência.

Eu me concentraria nisso porque é vital para aqueles que estão apenas começando a saber ler um artigo clínico e quem sabe, como acabei de dizer, lê-lo criticamente, não no sentido de que, como jornalista, ainda mais no início da minha carreira, eu vou ler um artigo e dizer “não, não é bom”, você pode até ter essa habilidade. expandi-lo ao longo do tempo, mas não é como se você fosse ler como um crítico comparar um artigo para publicá-lo ou não.

Quero dizer, no sentido de ler um artigo e entender que é uma investigação expressa, é um corte, possivelmente outras pessoas se dedicam ou não a esse tópico, se houver outras pessoas que se comprometam com esse tópico. , vamos ver o que os outros dizem. Quais são as limitações dessa abordagem?Quais são as limitações dessa abordagem? E isso terá que aparecer em qualquer relatório clínico, e não importa a caixa, seja biologia, humanidades, ciências precisas. Será necessário deixar claro ao leitor que só era imaginável chegar a esse conhecimento porque tal abordagem foi aplicada, há vieses, há limites aproximados de vários tipos.

Então eu acho que o ponto de partida é: vamos falar sobre como um artigo é estruturalmente formado. Vamos fazer engenharia oposta lá. Pegue um papel pronto e chegue ao fundo de como ele foi entregue a você aqui.

Talvez mais um ponto que viesse nessa formação inicial: quais seriam as principais tendências hoje no que se pode chamar de produção clínica. Há vários confrontos em torno, por exemplo, de questões de política científica. Como acabei de dizer, quais são as medidas e estratégias mais produtivas para medir o efeito da pesquisa?Há muita guerra de palavras sobre isso. E isso afeta a forma como vamos disseminar a ciência ou fazer jornalismo científico.

Eu também traria um pouco dessa discussão sobre o papel da comunicação no contexto da ciência aberta ou o papel da comunicação no contexto de um novo paradigma da ciência que não é mais esse paradigma na ciência geral como Thomas Kuhn falou, uma ciência que passa por eras de generalidade. De repente, uma era de falta de consenso chega e uma revolução clínica imaginável irrompe. Mas um novo paradigma, que é o que alguns autores chamam de ciência pós-geral, uma ciência que acontecerá nesse contexto de incerteza, risco, necessidade, colaboração mútua entre cientistas, gestores, sociedade.

ComCiência (ISSN 1519-7654) é uma revista mensal de jornalismo científico virtual publicada desde 1999 através do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp em colaboração com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Editores e jornalistas culpados: Marina Gomes e Ricardo Muniz.