Lendo duas noticias publicadas no Atualize MBF - Informativo do Agronegócio n° 1286, de 05/09/12, sendo a primeira com o título "Biocombustíveis são único caminho para reduzir emissões de GEE" (IBahia, 01/09/2012), na qual "Dados apresentados no Fórum Econômico Mundial, em junho, na Suíça, apontaram que a pegada de carbono do setor de aviação subirá de 1,5 Gigatoneladas (Gt) para 2,9 Gt de C02 em 2035, em razão do crescimento de 5% a 6% ao ano na demanda por viagens no período. O pesquisador da Embrapa Soja Décio Gazzoni afirmou que 'de todos os setores intensivos em energia, o de mais difícil equacionamento quanto ao perfil de combustíveis a serem utilizados, no médio e mesmo no longo prazo, é o transporte aéreo' e completou: 'Não resta à aviação outro caminho, ao menos nas próximas quatro décadas, que não seja ampliar gradativamente o uso de biocombustíveis para reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa'".
A segunda noticia com o título "Biocombustíveis de Aviação: uma nova cadeia produtiva em favor da sustentabilidade" (Agrosoft, 03/09/2012), na qual "No Brasil, a aviação movimenta por ano R$ 32 bilhões, o equivalente a cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, e esse mercado tem crescido acima da média mundial. O principal combustível de aviação é o querosene derivado do petróleo. Entretanto, o setor dos transportes aéreos está buscando alternativas renováveis para os combustíveis fósseis, de forma a se diferenciar frente aos concorrentes e antever requisitos de mitigação de emissões de dióxido de carbono. Recentemente, a ASTM (American Society for Testing and Materials) aprovou o uso de combustíveis renováveis em aviões comerciais e militares, permitindo a mistura de até 50% de combustível sintético obtido de óleos vegetais ou de gorduras animais por hidroprocessamento com querosene convencional comercial e militar. Além do hidroprocessamento de óleos e gorduras, existem outras rotas tecnológicas para produção de biocombustíveis para aviação, como a conversão direta de açúcares em hidrocarbonetos e a síntese Fischer-Tropsch a partir de gás de síntese obtido de biomassa".
Para isso, Embrapa, Boeing, Embraer, Fapesp, CNPq e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estão realizando simpósios com o objetivo de promover discussões e estabelecer parcerias para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas com os temas.
Quando vemos a preocupação das autoridades como Embrapa, Boeing, Embraer, Fapesp, CNPq e o Ministério da Agricultura, pela substituição do combustível poluente (querosene) por combustíveis renováveis, a fim de reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa, devemos parabenizá-los pelo espírito de proteção do meio ambiente.
Por outro lado, quando vemos a falta de atenção do nosso governo para os combustíveis renováveis já consolidados em sua tecnologia, que são o etanol e o biodiesel, não entendemos tal posição, pois tanto o mercado interno como o externo clamam pela substituição da gasolina e do diesel.
Para entender um pouco a posição do governo, aproveitamos partes do artigo de Carlos Sardenberg (Gazeta de Piracicaba, 06/09/12), no qual reflete se é bom ou ruim o Fórum Econômico Mundial ter classificado o Brasil em 48º entre 144 competidores. Ele responde:
"Resumindo, essa 48ª posição não dá direito à Libertadores, mas também está longe da zona de rebaixamento. Um tanto acima da média, disputando a Sulamericana, posição que certamente não é suficiente para uma nação que pretende ser rica um dia". Ele continua: "Onde se pode melhorar? Em tudo que tem a ver com o governo. Isso mesmo. O ranking do Fórum Econômico Mundial, cujo parceiro local é o Movimento Brasil Competitivo, considera vários itens, da macroeconomia à micro e ao ambiente de negócios. Em tudo que o setor público é preponderante, a classificação fica abaixo da média. Ao contrário, o que depende da iniciativa privada vai acima. Por exemplo: no quesito 'comunidade de negócios sofisticada', a posição brasileira é 33ª. Já no que se refere à regulação do governo, o Brasil vai para o último lugar; impostos e sistema tributário, também o pior do mundo; desperdício de gastos (públicos), 135ª; qualidade da educação (116ª); eficiência do governo (111ª). Isso confirma a dominância da agenda atual, como derrubar o custo Brasil? A resposta, resumida, está na cara: reduzir o tamanho relativo do governo, aumentar a sua eficiência e desobstruir o ambiente de negócios de modo a abrir espaço para a iniciativa privada". Sugiro a leitura completa deste artigo, cujo título é "Entre a necessidade e a convicção".
Para finalizar, cito uma das deficiências do nosso governo: a classificação da "eficiência do governo (111ª)", a fim de entender porque políticas públicas adequadas não são adotadas para que os combustíveis renováveis (etanol e biodiesel) possam atender tanto o mercado interno como o externo, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa do Brasil e do mundo (Tarcisio Angelo Mascarim é presidente do SIMESPI - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras e do APLA - Arranjo Produtivo Local do Álcool.)