Rio de Janeiro, 5 ago (Xinhua) -- A associação da obesidade abdominal com a fraqueza muscular pode aumentar em 85% o risco de morte por doenças cardiovasculares em pessoas com mais de 50 anos, de acordo com um estudo de cientistas brasileiros e britânicos divulgado nesta sexta-feira.
O trabalho realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), do Brasil e do College London, do Reino Unido, é resultado do acompanhamento durante oito anos de 7.030 pessoas maiores de 50 anos do English Longitudinal Study of Ageing (Estudo ELSA).
"A fraqueza muscular em si mesma aumenta o risco de morte por doença cardiovascular em 62%. Não obstante, quando observamos os dois fatores juntos, a obesidade abdominal e a fraqueza muscular, descobrimos que o risco de morte por doença cardiovascular aumentou em 85%", afirmou o coautor do estudo, Tiago da Silva Alexandre, professor de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.
Segundo o estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), até o momento não se tinha estabelecido que a obesidade abdominal dinapênica também aumentava específicamente o risco de mortalidade cardiovascular.
"Curiosamente, pessoas analisadas que tinham apenas gordura abdominal não apresentaram aumento significativo no risco de morte cardiovascular", disse Alexandre.
Em artigo publicado na revista especializada "Age and Aging", os pesquisadores explicam que a obesidade abdominal dinapênica, que é a combinação da obesidade abdominal e fraqueza muscular, faz com que a gordura gere uma inflamação crônica, prejudicando o metabolismo e aumentando os riscos dessas doenças.
O diagnóstico de obesidade abdominal dinapênica foi feito com base na circunferência da cintura maior que 102 centímetros para homens e maior que 88 centímetros para mulheres.
Já a fraqueza muscular foi medida usando como referência a força da mão -- menor que 26 quilos para homens e menor que 16 quilos para mulheres, através de um dispositivo chamado dinamômetro.
Segundo Alexandre, o estudo também serve de alerta, já que a obesidade abdominal dinapênica é reversível e pode ser tratada com treinamento aeróbio, exercício de ganho de força muscular e alimentação adequada.