A Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de São Paulo (Fapesp), uma das mais importantes agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do País, anunciou que irá indeferir projetos oriundos de instituições que não criarem um escritório voltado à implantação de medidas antiplágio, que estimulem a integridade acadêmica.
Atualmente, todo projeto de pesquisa que é aprovado pela Fapesp destina 10% da verba concedida à instituição visando a execução de melhorias em sua infraestrutura. Em 2016, foram repassados R$ 56 milhões a 141 entidades, que, a partir de agora, estarão sujeitas a regras que exigem controles internos que evitem fraudes acadêmicas.
Estas, infelizmente, são comuns. Há denúncias frequentes que renomados pesquisadores publicam textos que não são de sua autoria, ou estão repletos de citações não creditadas. Os desvios são muitos: desde apropriar-se do trabalho de um terceiro, copiado integralmente, até a mistura de materiais obtidos de várias fontes.
Há hoje recursos tecnológicos que detectam as fraudes. Softwares que estão disponíveis apontam plágios de textos, e já é possível identificar, através deles, substituição de palavras e expressões por sinônimos, traduções e mudanças de orações para a voz passiva, entre outros. As dificuldades para detecção dos plágios continuam, uma vez que eles envolvem, em muitos casos, a apropriação de ideias, muito mais complicada de ser descoberta, e não simplesmente a cópia de textos.
A prática é amplamente disseminada nos cursos de graduação universitária, envolvendo trabalhos de conclusão de curso e projetos de iniciação científica, e se propagam em níveis acima, atingindo dissertações de mestrado e até teses de doutorado. Revela descompromisso com a pesquisa e a idoneidade do trabalho científico, e compromete não apenas o responsável pelo plágio como também a instituição ao qual ele está vinculado.
É necessário, portanto, que universidades e centros de pesquisa se comprometam com o combate a tais desvios, seguindo o exemplo da Universidade Federal do ABC (UFABC) que já possui um órgão de controle do tipo em seu organograma. Tais escritórios devem cuidar de atividades de educação, treinamento e investigação de casos de plágio e de outros problemas, como fraudes em artigos científicos, que podem acontecer com a apresentação de dados falsos ou fictícios.
O plágio é mais que um simples desvio. Não pode ser aceito em hipótese alguma, e desculpas de "excesso de trabalho que dificulta a checagem das fontes e dados", ou, pior, justificativas que "todos fazem, em maior ou menor grau" não devem ser toleradas. A iniciativa da Fapesp é válida e pode contribuir para a mudança efetivado comportamento de todos, indispensável para assegurar o desenvolvimento da ciência e da pesquisa no Brasil.