Pesquisadores brasileiros criaram uma técnica, baseada no uso de um scanner da área médica, que vem sendo considerada promissora na identificação de falsas obras de arte. Esse método, que comprova a autenticidade da pintura após a análise da imagem magnética das tintas (a óleo ou acrílica), é resultado de uma parceria entre pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e da Universidade de Utah, nos EUA.
Segundo a agência Fapesp, essa técnica deve ser usada na prevenção de furtos e roubos -- sua autenticidade só poderá ser comprovada caso a tela já tenha sido analisada previamente. Isso porque os pesquisadores utilizam as partículas ferromagnéticas, que dão magnetismos distintos às pinturas, para tirar uma espécie de "impressão digital" do quadro. É justamente essa imagem magnética única que compara e confirma a "identidade" de cada peça.
Para criar essa imagem, os pesquisadores usaram um scanner especial que, na área médica, mede o campo magnético gerado pela atividade elétrica do coração. Trata-se do Squid (Superconductor Quantum Interference Device, na sigla em inglês). Antes de escanear a obra, é necessário magnetizá-la de maneira uniforme, para que o equipamento possa coletar as informações.
Após o Squid capturar as imagens magnetizadas, programas de computador produzem um mapa colorido do material analisado. Os sinais magnéticos das obras mudam de acordo com o tipo das pinceladas, marca, tonalidade e quantidade das tintas usadas, afirma a Agência Fapesp. "Mesmo que as reproduções e pinturas originais tenham exatamente os mesmos pigmentos, elas geram uma imagem magnética diferente", afirmou à agência Paulo Costa Ribeiro, professor do Departamento de Física da PUC-RJ e coordenador do trabalho.
De acordo com o professor, a técnica pode ser usada por colecionadores e museus na prevenção de roubos. Quando uma tela já analisada for recuperada, explica, será possível comprovar se ela é verdadeira. Ribeiro também acredita que o método possa ser incluído nos testes exigidos por empresas de seguro, no caso do ressarcimento de roubos e furtos. Atualmente, os pesquisadores estão em busca de parceria com museus e galerias de arte.
A técnica divulgada no Brasil pela Agência Fapesp foi descrita no "Journal of Applied Physics".