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Com que eficiência você consegue ouvir? (5 notícias)

Publicado em 12 de outubro de 2023

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Fonoaudióloga desenvolve plataforma que, utilizando inteligência artificial, mede a capacidade do processamento auditivo Você pode ouvir, mas com que eficiência processa e utiliza a informação que recebeu?

É o que se chama processamento auditivo: o que o cérebro consegue fazer com o que se escutamos. Cerca de 20% das pessoas têm algum tipo de déficit nessa “captação”, mas muitas desconhecem o problema, como explica a fonoaudióloga Ingrid Gielow, doutora em ciências dos distúrbios da comunicação humana:

“Embora esteja diretamente ligada à capacidade cognitiva, a audição é pouco valorizada. A perda de audição aumenta em cinco vezes o risco de demência. Normalmente, a preocupação com um paciente pós-AVC se concentra na deglutição e na fala, mas 84% sofrem uma perda na audição e no processamento auditivo. Entre os adultos com problemas, muitos não apresentam queixas, mas são aquelas pessoas mais distraídas, esquecidas. As falhas ocorrem por diversos motivos, inclusive otites de repetição na infância, que acometem 24% das crianças”.

No 31º. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, realizado semana passada no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de conversar sobre a ProBrain, empresa que criou com a sócia Diana Faria. O carro-chefe da startup é a plataforma Afinando o Cérebro, com 200 jogos que reproduzem situações do cotidiano e são voltados para estimular o processamento auditivo no cérebro. Há ainda o serviço AudBility, exclusivo para fonoaudiólogas e audiologistas, que faz uma triagem em 20 minutos, podendo ser utilizado em qualquer computador, tablet ou celular. A novidade é o AudioFoco, que utiliza inteligência artificial e foi desenvolvido em parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Nessa plataforma, mesmo quem não é profissional da área pode se cadastrar e, depois de uma avaliação, serão dadas as recomendações sobre o treinamento mais indicado para cada um.

“Nosso sonho é seja possível fazer um diagnóstico em qualquer lugar do país, porque só é preciso ter uma conexão à internet. Os jogos foram validados por pesquisadores da Unicamp e de outras instituições: treinam a escuta ativa e melhoram o foco, a atenção e a memória. Desenvolvem as habilidades comunicativas em qualquer idade”, detalhou a fonoaudióloga.

Testei alguns deles, como lembrar a lista de compras do supermercado (que ninguém se assuste, no primeiro nível só é preciso lembrar de três itens). Entre as habilidades que são avaliadas – e que podem ser aprimoradas – estão:

Localização sonora: saber de onde parte um som.

Compreensão de fala distorcida: conseguir entender o que é dito quando a emissão ou comunicação é ruim.

Fala com competição sonora: distinguir o que é dito em ambientes ruidosos, nos quais os sons partem de diferentes origens.

Resolução temporal: perceber minúsculas intensidades de tempo nas palavras, o que é importante para aprender uma língua estrangeira.

Memória tonal: capacidade de perceber tons distintos, como graves e agudos, ou curtos e longos, que indicam, por exemplo, ironia e sarcasmo.

Identificação dicótica: perceber diferentes palavras que estão sendo ditas simultaneamente.