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Com imagens de satélite, Inpe mapeia mangue do litoral de SP (1 notícias)

Publicado em 09 de novembro de 2012

Por Chico Pereira

Pesquisadores e bolsistas desenvolvem no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos, com o auxílio de imagens de satélites, estudos sobre os manguezais do litoral paulista.

Os dados coletados demonstram que esse ecossistema, considerado um dos principais berçários da vida marinha, corre sérios riscos de desaparecer em vários trechos litorâneos, sobre tudo na região do sul do Estado, onde está a maior porção de manguezais no Estado.

O chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe, Milton Kampel, destaca a importância da utilização da tecnologia espacial como ferramenta para os estudos dos manguezais.

Ele explicou que as imagens de satélites possibilitam aos pesquisadores mapearem as áreas de manguezais e fazer comparações temporais a respeito desse ecossistema costeiro.

“Por ficarem próximos da região costeira, onde há grande concentração humana, os manguezais estão sob forte pressão antrópica (do homem) e os impactos são imensos”, afirma Kampel.

Viagem. Kampel explicou que a tecnologia espacial permite “viajar no tempo”.

“A vantagem dos satélites é que essa ferramenta permite analisar coberturas geográficas amplas, o que facilita o trabalho de campo, na verificação in loco do que foi estudado nas imagens”, afirmou o especialista.

Kampel destacou que outro fator importante é que as imagens possibilitam fazer comparações da situação dos manguezais ao longo do tempo. “É possível verificar as alterações ocorridas no ecossistema a partir da comparação de imagens de banco de dados anos atrás com imagens mais recentes”.

Estudo. A bióloga Marília Cunha Lignon desenvolve trabalho de pós-doutorado no Inpe com foco nos manguezais do litoral sul do Estado de São Paulo.

Há mais de dez anos, ela acompanha a evolução desse ecossistema e sua bolsa é financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Os estudos da bióloga mostram indícios de que a ação do homem está ameaçando bosques de mangues no litoral sul.

Foram constatadas anomalias nos bosques de Cananeia e Iguape, com a identificação de clareiras que podem representar destruição da vegetação provocada pela ação do homem ou da própria natureza.

A pesquisadora ressalta que a situação dos manguezais de Iguape é preocupante.

“A ocorrência de bancos de macrófitas (plantas aquáticas) ao redor dos bosques de mangue do sistema costeiro, sobretudo próximo ao canal Valo Grande, alerta para as alterações ambientais que vem ocorrendo na região, em função da redução da salinidade e, consequentemente, com perda de funções ecológicas do ecossistema”, ressalta Marília em seu trabalho, que será apresentado em um congresso de sensoriamento remoto em 2011.

Saiba mais

Mangues

Os mangues garantem recursos alimentares, como peixes e crustáceos, e formam uma barreira natural para proteger a região costeira do aumento do nível do mar

Estudos

Pesquisadores e bolsistas do Inpe estudam os manguezais paulistas com a ajuda de imagens de satélites e os dados coletados até o momento indicam que esse ecossistema está ameaçado e correndo risco de desaparecer em vários trechos litorâneos

Motivos

Como se localizam em regiões costeiras, os manguezais sofrem grande pressão da ação do homem

Imagens

Captadas por satélite, as imagens permitem o acompanhamento das mudanças nos manguezais ao longo do tempo

Estudante da Unitau integra o projeto

São José dos Campos

Embora possua área menor que a região sul, o litoral norte de São Paulo terá sua área de manguezais mapeada com o auxílio do Inpe pela estudante Luciana de Oliveira, do curso de geografia da Universidade de Taubaté.

Luciana está iniciando o trabalho com o apoio do Inpe e irá focar os manguezais na região costeira de Ubatuba.

Com bolsa de iniciação científica concedida pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a estudante vai trabalhar a costeira do município em direção ao Rio.

“A maior parte dos manguezais de Ubatuba está preservada. Vou pesquisar a região de Picinguaba e da Fazenda”, afirmou Luciana.

O trabalho deve, inicialmente, ter duração de um ano. No momento, a estudante está na fase de seleção e identificação das imagens de satélites.