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USP - Universidade de São Paulo

Com financiamento próprio, USP espera reorganizar pesquisas (1 notícias)

Publicado em 27 de outubro de 2010

Por Olavo Soares / USP Online


Nesta quarta-feira (27), a USP divulga um edital de um programa que tem por objetivo transformar a maneira como desenvolve suas pesquisas. Para isso, a Universidade destinará R$ 50 milhões de seu orçamento de 2011 para o financiamento próprio de pesquisa, em complementaridade ao que é feito atualmente - quando o dinheiro vem, em quase a sua totalidade, de agências de fomento como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O montante terá como destinatários três grupos. O primeiro é composto por núcleos de pesquisa que já recebam financiamentos externos, de modo que os valores aplicados pela USP atuem como um reforço. No segundo, os contemplados serão grupos que não disponham de outros canais de financiamento, e que tenham nesse sistema sua fonte maior de verbas. E a terceira categoria é formada por centros que sejam caracterizados pela prestação de serviços, como laboratórios, e que serão utilizados por diferentes unidades da Universidade.

O reitor da USP, professor João Grandino Rodas, explica que a medida almeja fazer com que a Universidade crie suas próprias diretrizes para o financiamento de pesquisas, obtendo assim uma maior autonomia na gestão dos recursos destinados a esses fins. "A Fapesp e o CNPq têm seus critérios para financiamento, que são ótimos. Mas acredito que a Universidade precisa ter os seus específicos", conta.

Na avaliação do reitor, o projeto representará, mais do que a chegada de uma nova quantidade de recursos, uma mudança na mentalidade que norteia a sistemática das pesquisas na Universidade. Grandino Rodas vê no programa mais um exercício da autonomia universitária, que assim chegaria também à rotina das pesquisas.

Grandino Rodas explica que os valores destinados para o projeto não comprometerão os investimentos que a USP realiza em outras áreas, justamente pelo caráter dinâmico do orçamento universitário. O reitor aponta que 85% do orçamento da Universidade é aplicado em recursos humanos. Esta quantia será mantida, e é do remanejamento dos valores restantes que se chegará aos R$ 50 milhões para a pesquisa.

"Esta é uma quantia inicial, pelo fato do programa estar em sua fase inicial. À medida que formos verificando seu sucesso, certamente os recursos serão acrescidos", complementa o reitor.

João Grandino Rodas explica que a necessidade de dinamizar as pesquisas da USP aparece por conta dos novos desafios que a Universidade encara - como, por exemplo, a existência cada vez maior de rankings de credibilidade que aferem o desempenho das instituições de ensino e pesquisa em todo o mundo. "A USP é uma das principais universidades do mundo, mas não pode acreditar que sua excelência se dará por inércia. É preciso investir e transformar", destaca.

Critérios

O professor Marco Antonio Zago, pró-reitor de Pesquisa da USP, explica que os grupos contemplados pelo financiamento atenderão a dois requisitos: excelência e interdisciplinaridade.

Exemplificando: o edital prevê um número máximo de grupos beneficiados em cada um dos três segmentos. Mas não há uma cota mínima - ou seja, se os núcleos não atenderem a requisitos de excelência, quantias podem deixar de ser destinadas.

Quanto à interdisciplinaridade, Zago diz que o projeto busca também romper uma barreira existente dentro da Universidade que, segundo ele, prejudica um fluxo melhor da inovação científica. "A USP é dividida em departamentos, o que beneficia as atividades administrativas e de ensino. Mas isso não pode se replicar nas pesquisas. Queremos, por exemplo, que um projeto para criação de um novo medicamento não esteja restrito aos farmacologistas, e sim que inclua também químicos, físicos, economistas e outros", conta.

A seleção dos grupos contemplados ficará a cargo de uma comissão que será composta por pessoas da Universidade e também por avaliadores externos. Segundo Zago, essa sistemática possibilitará que a USP ouça opiniões da sociedade brasileira e também de especialistas de outros países, o que trará uma visão global ao projeto.