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Diário Nacional

Colírio que evita perda de visão por diabéticos é desenvolvido pela Unicamp (19 notícias)

Publicado em 14 de maio de 2019

Por Com informações da Agência

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que 16 milhões de brasileiros sofrem de diabetes. Nos últimos dez anos, a taxa de incidência da doença cresceu 61,8%. E um dos maiores temores dos portadores da doença é a perda de visão. Mas uma boa notícia surgiu para trazer esperança a quem convive com esse temor: um grupo de pesquisadores das faculdades de Ciências Médicas (FCM) e de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu um colírio para a prevenção e combate da degeneração gradativa que ocorre com frequência nos olhos das pessoas com diabetes, a chamada retinopatia diabética.

“A grande vantagem desse achado é o fato de não ser invasivo. Por ser tópico não implica em riscos e cria uma barreira contra as alterações neurodegenerativas que afeta os diabéticos”, explicou a pesquisadora da FCM Jacqueline Mendonça Lopes de Faria.

Ainda de acordo com a cientista, a descoberta surgiu de uma pesquisa que já se desenvolve há 20 anos. “É consequência de um estudo de 20 anos para entender o mecanismo de ataque das células nervosas e de irrigação sanguínea no tecido ocular.”

A pesquisadora também ressalta que a hiperglicemia – excesso de açúcar no sangue no organismo dos diabéticos – faz com que vários órgãos sejam comprometidos. Em cerca de 40% dos casos, a doença leva a complicações na retina provocadas pelo efeito tóxico da glicose. O sistema nervoso e vascular da retina passam a ter alterações progressivas que podem levar a cegueira. “Isso ocorre, muitas vezes, justamente no momento em que a pessoa está em idade ativa.”

O tratamento da retinopatia diabética é feito atualmente com opções invasivas, como a fotocoagulação com laser, injeções intravítrea ou mesmo cirurgia. A expectativa dos pesquisadores da Unicamp é que, além de servir para a cura da retinopatia diabética, a descoberta dessa tecnologia possa ser benéfica também no tratamento de outras anomalias da visão, como o glaucoma.

A eficácia da fórmula já foi comprovada em testes em laboratórios da Unicamp. Antes de ser transformado em medicamento para a distribuição e comercialização, porém, o colírio tem de ser submetido à fase clínica de testes, com os ensaios em seres humanos. Ainda não há previsão de quando isso vai ocorrer porque os testes dependem do interesse de empresas em fazer o licenciamento da tecnologia junto com a agência de inovação da universidade, a Inova Unicamp. No teste com os roedores, não foram observados efeitos adversos e o colírio mostrou-se eficaz na proteção do sistema nervoso da retina.

Além da pesquisadora Jacqueline Mendonça Lopes de Faria, colaboraram na pesquisa a professora Maria Helena Andrade Santana; a pesquisadora Mariana Aparecida Brunini Rosales e a aluna de mestrado Aline Borelli Alonso. Os estudos receberam financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério de Educação.

E essa é mais uma prova da importância dos trabalhos de pesquisa no Brasil. A nós cabe parabenizar e incentivar o trabalho dos nosso pesquisadores brasileiros.