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Gazeta Mercantil

COLINA DA TECNOLOGIA EM CAMPINA GRANDE: ESFORÇO DE TRINTA ANOS (1 notícias)

Publicado em 26 de junho de 1996

O lugar é um dos mais altos de Campina Grande, cidade do interior paraibano afastada 116 quilômetros de João Pessoa. Do topo da colina, pode-se avistar os poucos prédios que despontam no perímetro urbano que abriga 450 mil habitantes. Sem nome até 1993, o morro saiu do anonimato quando um prédio de 2 mil metros quadrados, formado por 20 salas, começou a ser erguido sob investimentos de US$ 3,5 milhões. Nascia a sede do programa Softex 2000 na Paraíba e o lugar passava a ser chamado de Colina da Tecnologia. No meio do Agreste paraibano, interior nordestino. Campina Grande foi a segunda cidade do País eleita para receber os incentivos do Softex 2000, programa desenvolvido por órgãos federais para levar o Brasil a exportar US$ 2 bilhões no ano 2000. "Perdemos para Curitiba por apenas um dia", lembra o coordenador do programa no estado, Alexandre Moura. Quem explica o pioneirismo de Campina Grande no desenvolvimento do setor de informática, deixando para trás grandes cidades como São Paulo, é o próprio ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Israel Vargas. "O trabalho realizado junto a profissionais e empresas do setor tecnológico em Campina Grande é modelo para o País, resultado de constantes investimentos que vêm sendo realizados, principalmente pela Universidade, desde a década de 70", diz Vargas. "Os resultados que alcançamos aqui não representam o sucesso de um esforço concentrado há pouco tempo, ou de uma decisão tomada de uma hora para outra", complementa o coordenador do Softex campinense. Segundo avaliação de Moura, tese também defendida pelo ministro Vargas, um dos principais itens de competitividade da cidade é o investimento na formação dos profissionais. "Foi uma evolução natural", detalha Moura. "Partimos da escola técnica há trinta anos, avançamos para uma Universidade e hoje buscamos o aperfeiçoamento das incubadoras." Dos bancos do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da Universidade Federal da Paraíba, saem anualmente duas dezenas de profissionais preparados para atuar nas empresas de softwares e de equipamentos tecnológicos da região. "O mercado trabalha com um salário médio mensal de R$ 1,5 mil", aponta Moura. Em comparação com a renda per capita do estado, R$ 1.759 anuais, a remuneração oferecida pelas empresas do setor é uma fortuna. "E olha que no começo tínhamos que trazer gente de fora, tamanha a demanda por profissionais", lembra Moura. A incubadora do CCT é vinculada ao programa Gênesis, do governo federal, que incentiva a formação de futuros empreendedores. "Queremos acabar com uma mentalidade predominante junto aos jovens recém-formados, a mentalidade do empregado. Queremos empreendedores", aponta Moura, também ligado aos projetos do CCT. Outro ponto forte para o impulso de negócios no setor de informática em Campinas Grande é o trânsito fácil dos coordenadores e empresas acompanhadas e os agentes que fomentam os empreendimentos. A parceria entre o núcleo do Softex 2000 e a incubadora do Gênesis chega ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e à assessoria jurídica. "Esse conjunto de agentes acessa linhas de financiamento, programas de capacitação e informações sobre mecanismos de exportação e importação", explica Moura. João José de Oliveira - Campina Grande