Um detalhado trabalho de levantamento dos documentos históricos dispersos pelos arquivos da cidade de São Paulo começa a ser executado nos próximos dias com o patrocínio da Colgate-Palmolive. A pesquisa será feita ao longo de doze meses e se transformará num calhamaço com mais de 500 páginas chamado "Guia dos Documentos Históricos no Município de São Paulo, 1554 a 1954". Até hoje nenhuma pesquisa semelhante e com o mesmo alcance foi concluída na cidade.
A multinacional, numa atitude pouco usual entre as empresas que patrocinam projetos culturais, decidiu investir em um trabalho estritamente acadêmico, de pesquisa básica. "Normalmente, se investe em livros de fotografias ou em gente consagrada", afirma o vice-presidente Jurídico e de Assuntos Corporativos da Colgate-Palmolive, Carlos Eduardo Toro. "Decidimos mudar essa regra e patrocinar a elaboração de uma obra de referência, que deverá ter algumas décadas de vida útil".
Quatro séculos de documentos empoeirados serão identificados e catalogados. Um pesquisador interessado poderá saber, por exemplo, onde estão os projetos de construção da avenida Paulista ou uma determinada lei que proibia a atividade dos ambulantes no começo do século. O levantamento ficará por conta do Núcleo de Estudos de Política e Sociedade (NEPS), um grupo de jovens pesquisadores e profissionais ligados à Universidade de São Paulo (USP) criado há cinco anos.
Serão destinados, ao todo, R$ 130 mil para o projeto. Esse dinheiro garantirá basicamente o salário de sete pesquisadores e a compra de equipamentos de informática para o NEPS. O produto final será apresentado no formato de livro, com tiragem de 2 mil exemplares, e de CD-Rom. "O guia facilitará o acesso ao acervo da cidade", afirma a historiadora Paula Porta, coordenadora do projeto. "Muitos documentos são hoje virtualmente desconhecidos ou de localização muito difícil".
Uma das tarefas do NEPS será identificar exatamente quantos e quais são os arquivos públicos e privados que guardam documentos com alguma importância histórica para a cidade. De cara, porém, estima-se que a pesquisa será feita em cerca de 250 arquivos, dos quais a grande maioria é privada. Os públicos são basicamente os dois históricos - o municipal e o estadual -, o da Cúria Metropolitana, o do Poder Judiciário e os dos museus e institutos.
O anúncio do projeto foi feito hoje pela Colgate-Palmolive e marca o início das comemorações dos 70 anos de sua atividade no Brasil. A empresa conta com os benefícios da lei Mendonça e da lei Rouanet, que deverá garantir um desconto de cerca de 30% no patrocínio. Depois de pronto, o guia será distribuído gratuitamente em universidades brasileiras e do exterior e em centros de pesquisa.
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Gazeta Mercantil